Quem inclui Sergipe num roteiro de férias provavelmente vai aproveitar para dar uma esticadinha à cidade de Laranjeiras, a 20 quilômetros de Aracaju, a capital do estado. O município foi um dos mais importantes do Império. Com uma imprensa forte e ativa, aqui surgiram algumas das lutas mais importantes em defesa da República e pela Abolição da Escravatura.
No século 19, Laranjeiras fazia parte de uma região com grande poder econômico. Era grande produtora de mandioca e coco, mas tinha na indústria açucareira sua principal fonte de renda. Uma das grandes curiosidades é que aqui foi fundada a primeira alfândega de Sergipe. Grande parte das mercadorias produzidas no Estado era exportada por Laranjeiras.
Mas você não imagina o bafafá que Laranjeiras acabou causando. Com aquela economia pujante, todo mundo queria tirar uma lasquinha da cidade. Até o imperador Dom Pedro II passou por lá em 1860 com sua comitiva. E o município só não se tornou a capital oficial de Sergipe (veja detalhes no Wikipedia) porque uma manobra política transferiu a sede de São Cristóvão para Aracaju.
Restou um conjunto arquitetônico preservado com algumas das igrejinhas e museus mais singelos do Brasil. O centro histórico é tombado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o que impediu a construção de prédios na cidade.
As ruas são estreitas e muitas ainda preservam trechos construídos com pedra-sabão. O governo do Estado considerou Laranjeiras uma espécie de sítio arqueológico a céu aberto, tanto que a Universidade Federal do Sergipe instalou no município curso de Arqueologia. O Campus Laranjeiras fica bem no centro histórico, ao lado do mercado municipal.
O que fazer
Logo que o turista chega à cidade, há um centro de informações turísticas. No local há banheiros e venda de artesanato. É bem fácil circular pela cidade. Placas indicativas também ajudam na orientação do seu roteiro.
A Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus é o ponto de partida para vários atrativos da cidade como o Museu de Arte Sacra (considerado o segundo mais importante do estado) e o Museu Afro-Brasileiro — uma amostra do intenso sincretismo da região.
A Casa de Cultura João Ribeiro, também no centro, preserva o local de nascimento do primeiro imortal sergipano da Academia Brasileira de Letras. O local se transformou num pequeno grande museu, onde se preserva a memória do escritor e um dos maiores folcloristas do Brasil.
Uma das vistas mais bonitas da cidade você terá da Igreja Bom Jesus dos Navegantes. Do alto da colina o visitante tem uma visão completa de Laranjeiras e do Vale do Cotinguiba. É possível chegar aqui andando, coisa de um quilômetro do centro, mas os moradores me alertaram que poderia ser perigoso por conta de assaltos contra turistas desavisados.
A cidade tem um centro com farmácia, lanchonete e restaurantes. O mercado municipal rende boas fotos. Algo fascinante em Laranjeiras é sua tradição folclórica. São diversos folguedos chamados Penitentes, Reisados, Taieiras — interpretados em diferentes épocas do ano. Um dos mais tradicionais é o Lambe-Sujo x Caboclinhos. A representação mostra as batalhas entre negros e índios “domesticados” pelos senhores de engenho. A encenação sempre acontece no segundo domingo de outubro e é uma das mais importantes manifestações da cultura brasileira.
Como chegar
De carro: O acesso é pela BR 101. Laranjeiras está a 20 km ao sul de Aracaju.
De ônibus: Da rodoviária velha de Aracaju há saídas diárias para Laranjeiras. A viagem dura cerca de 45 minutos.
Fonte: Site Matraqueiro (Crédito/Turismo Sergipe)