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Oceano Atlântico avança sobre as águas do Rio São Francisco

O velho farol do povoado Cabeço (SE), que ficava em terra firme, há muito foi "engolido" pelo mar

O represamento de suas aguas pelas hidrelétricas tem feito o Rio São Francisco perder força na divisa de Sergipe e Alagoas, permitindo que o mar avance sobre a água doce. O fenômeno é conhecido como salinização e, segundo pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), está transformando o ecossistema da região e prejudicando a população ribeirinha.

Com menos água no leito, o rio acaba sendo empurrado pela maré nos pontos onde encontra o mar. É no trecho da Área de Preservação Ambiental (APA) da Foz do São Francisco, entre os municípios de Brejo Grande (SE) e Piaçabuçu (AL), que o fenômeno pode ser percebido com mais intensidade pelos quase 25 mil habitantes da região.

“A gente pescava surubim, piau, dourado e todas as espécies de água doce. Era tanto peixe na rede que a gente não podia nem carregar. Nessa época, a gente também plantava arroz, que dava era muito. Hoje a coisa tá diferente, a água está tão salgada que arde até os olhos”, relata o pescador alagoano José Anjo.

Substituição de peixes

O que o pescador percebe no dia a dia também foi apontado pelo oceanógrafo Paulo Peter, pesquisador da Ufal que analisa os impactos ambientais e sociais da salinização do Rio São Francisco. “É possível notar no estuário a morte da vegetação típica de água doce, substituição dos peixes de água doce pelos de água salgada e inviabilização da água para o consumo humano”.

O problema da salinização também se reflete na saúde dos ribeirinhos, como afirma a agente de saúde Suely Santos, que trabalha há 17 anos em Piaçabuçu. “A água do Rio São Francisco é para muitos moradores da região o único recurso hídrico que se tem para cozinhar e beber. Por conta da salinização, a água está provocando doenças. Nos últimos meses, aumentou bastante os casos de hipertensão entre os moradores, inclusive jovens”.

Ainda segundo a ANA, até que haja chuvas com mais intensidade e por um longo período na região dos reservatórios, a situação deve permanecer como está. “A tendência é que seja mantida essa vazão nos próximos meses”, avalia Thomas.

Fonte G1/Alagoas (Crédito/site Melhores Destinos)

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