O Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse) realizou, na manhã desta terça-feira, 24, um procedimento de captação múltipla de órgãos. Foram removidos fígado, rins e córnea de uma paciente sergipana do sexo feminino, 39 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. A intervenção foi realizada após confirmação de morte encefálica.
De acordo com a coordenadora da Organização de Procura de Órgãos de Sergipe (OPO), enfermeira Darcyana Lisboa, após a constatação da morte cerebral, os familiares da vítima foram acionados, momento em que eles comunicaram sobre a vontade da vítima, que em vida manifestou o desejo de doar os órgãos.
“Para nossa surpresa, os familiares declararam que a paciente desejava doar os seus órgãos em caso de morte. A nossa equipe iniciou contato com a Central Estadual de Transplantes (CTE), que imediatamente contactou a Central Nacional de Transplantes (CNT), responsável por ofertar os órgãos no Sistema Nacional de Transplantes. Em seguida, a própria CTE, atualmente coordenada por Benito Oliveira Fernandez, acionou a equipe médica (três cirurgiões, um anestesista, um instrumentador e enfermagem), que efetuou a cirurgia de captação dos órgãos”, informou Darcyana Lisboa.
Processo de captação
Segundo a coordenadora da OPO, o processo de doação dos órgãos inicia ainda com o paciente em vida, mas quando já apresenta indícios de morte encefálica. “A partir do momento em que a equipe médica percebe que o paciente não está respondendo ao tratamento, começa a investigação para averiguar se se trata de morte cerebral. Depois de fechado o protocolo de morte encefálica (Gasglow 3), após a realização de diversos exames clínicos e avaliação de uma vasta equipe médica, nós da OPO entramos em contato com a família para saber se a doação dos órgãos está autorizada. Sendo positiva, acionamos a CTE e, a partir daí, é iniciado todo o processo de captação”, explicou.
Para que haja captação dos órgãos, é necessário que a pessoa informe sobre a vontade de se tornar uma doadora. “A pessoa, ainda em vida, precisa comunicar aos familiares que deseja ser doadora, porque, em grande parte dos casos, os familiares comentam que o parente não informou sobre essa vontade de doar os órgãos. Por isso, muitas vezes o procedimento acaba não acontecendo”, disse a coordenadora da OPO.
Darcyana Lisboa destaca a importância da doação. “Sabemos que para a família é muito difícil todo sofrimento do processo de luto. Mas a partir do momento em que o paciente opta pela doação ele acaba ajudando várias pessoas a terem uma sobrevida, o que é considerado um enorme ato de amor ao próximo. Doar órgãos é salvar vidas”.
Com informações da Secretaria de Estado da Saúde. Foto: Flávia Pacheco