Por Alexandre José Amado de Mattos *
Foi no verão de 65, quando meus pais decidiram permanecer definitivamente na sua casa de veraneio. As férias de verão acabaram e junto veio o início do ano letivo; os veranistas da Atalaia Velha, aos poucos retornavam a Aracaju (nessa época, quando se mencionava Aracaju, para os que moravam na Atalaia Velha, era algo como para quem hoje mora em Capela, Propriá, Estância,.., ou seja, o bairro era considerado uma cidade de interior e distante da capital ) e nossa família, que há muito veraneava, nos transformamos em moradores permanentes daquele paraíso deserto de praia & mar, maré, dunas, coqueiros, ingázeiros, cajueiros,…. inerentes ao lugar.
Lembro-me da minha avó benzer-se, ao tomar conhecimento da nossa mudança de domicílio, e, logo em seguida, dizer: “Seu pai é doido! Um lugar que só tem uma marinete (antigo transporte urbano lento que, na realidade, era um caminhão que tinha o chassi adaptado e todo coberto, com assentos paralelos para passageiros e com uma única entrada, na parte traseira do veículo. Em outras palavras, um pau-de-arara sofisticado. O nome deste coletivo foi popularmente derivado do escritor fascista, Felippo Marinetti, por ser cultuador do futurismo, mas as más línguas alegam que a origem desse nome dado ao coletivo ocorreu porque o citado escritor era muito fino e delicado e a entrada no coletivo se fazia pela sua traseira) por dia, não pode ter juízo.” “Bacaiau”, era o motorista da única marinete que fazia o trajeto “Aracaju-Atalaia Velha”, baixinho de olhos arregalados e desalinhados: um mais baixo que o outro, sua feição era uma mistura híbrida de Ceveró com o Amigo da Onça (personagem criado pelo cartunista Péricles Maranhão, que ficou extremamente popular, entre as décadas de 50 e 60, da revista O Cruzeiro). Preciso dizer mais alguma coisa? Mas, ainda assim, o cabra namorava todas as mocinhas, que por aquelas bandas residiam, inclusive Maria, nossa cozinheira.
Existiam duas Atalaias Velhas, uma a do veraneio: garbosa, cheia de famílias classe média, média- alta e rica com seus carros do ano, barcos,… um típico jet-set sergipano da época e outra, pós veraneio, composta, na sua maioria, por pescadores e trabalhadores de baixa renda. Meus pais me outorgaram toda a liberdade para fazer o que eu bem quisesse como sair de casa e retornar quando decidisse, jogar bola, pescar, saborear as frutas dos pés, ao longo das praias desertas, praças, caminhos públicos… e, com todo esse privilégio, na minha bicicleta brasiliana 64, eu percorria todas as aldeias de pescadores, entre o Robalo e o Mosqueiro. Foi em uma dessas aldeias que, pela primeira vez, tomei conhecimento dos torpedeamentos dos navios brasileiros pelo submarino alemão U-Boat 507, na sinistra noite do mês de agosto de 42 e que meu pai tinha sido o delegado e depois Chefe de Polícia que presidira os inquéritos e as investigações sobre os naufrágios. Ele nunca me falou muito a esse respeito, no entanto, em seus últimos anos de vida, falou muito de tudo com detalhes e minucias do mais nefasto incidente ocorrido em solo sergipano, depois do outro e também não menos covarde massacre contra os chefes indígenas Aperipê, Serigy, Japaratuba e seus guerreiros, perpetrado por Cristóvão de Barros, no século XVI.
Eu, nessa minha infância, me sentia o rei e fazia de tudo, naquela terra infinita de coqueiros e abundantes pés de frutas, porque nunca ninguém me proibiu de nada, até o dia em que eu me escondi por detrás de umas mamoneiras, após armar um alçapão, em um extenso terreno baldio que ficava entre a casa dos meus pais e o Distrito Policial, vizinho a nossa casa que viria a se transformar em Delegacia da Polícia Civil, 20 anos mais tarde e onde, também, foi o meu primeiro local de trabalho. Um canário, que cantava toda manhã na janela do meu quarto, pousou para comer o mamão, que eu havia deixado de isca, e a tampa do alçapão, bruscamente se fechou pressionando o pobre passarinho. Eu pulei de alegria e, sentindo-me orgulhoso pela façanha, corri para pegar o cantador que ia juntá-lo aos demais, no grande viveiro que tínhamos no centro do quintal da casa dos meus pais. Ainda agachado e tentando acalmar o canarinho, ouvi uma voz suave e harmoniosa ecoar por trás de mim. “_O que o mocinho tá fazendo judeia o bichinho e é muita perversidade. Deixe o passarinho ir embora pra Deus não lhe castigar!” Eu, ainda acocorado, olhei para trás de fininho e me assustei, ao ver um par de pés descalços de tamanho gigante como nunca tinha visto antes, mas, ao ficar de frente para aquele sujeito que me tinha sugerido liberar o canário para não sofrer a ira de Deus, tremi as pernas de medo, perdi a voz. Era um homem extremamente forte, alto, de quase dois metros de altura, e, ao se aproximar com aquela sua corpulência, também, impediu os raios de sol, que antes pairavam sobre mim, e os transformou em sombra como se seu corpo tivesse virado escudo. Olhando para o gigante, abri o alçapão e o canarinho decolou, voando para além das mamoneiras. Nisso, eu escutei um dos PMs de longe gritar: “_Manequito, chegue mais que sargento Tainha quer prosar.”
Dali em diante, o meu nome para o gigante Manequito passou a ser o Menino do Canarinho. Eu frequentava o Distrito Policial e com Tilé, um dos soldados que ali destacava, aprendi a jogar tarrafa. Já Parangolé tentou me ensinar a tocar cavaquinho, mas cavaquinho, nessa época, era coisa cafona e eu queria mesmo era tocar guitarra como Roberto Carlos e outros ídolos da Jovem Guarda. Como quase ninguém ali era preso, os policiais tinham tempo de sobra para se dedicarem em diferentes hobbies e não era raro, ao longo do dia, saborearem uns tragos das batidas que Manequito, às vezes, lhe trazia. A minha primeira canoa foi construída pelo cabo Seu João, no quintal do Distrito e a minha primeira espingarda, uma rudimentar de socar pelo cano, que sargento Tainha me vendeu, ficava guardada, junto aos rifles daquele prédio policial, para que o meu pai não soubesse da existência dessa arma sob minha posse. Todos, nessa grande aldeia de pescadores que era a Atalaia Velha, em época fora de veraneio, se conheciam pelo nome e nem mesmo os meninos e os vira-latas passavam por desconhecidos, se sabia quem eram os seus pais e os donos dos cachorros.
Eu costumava pescar na frente ao prédio do Balneário, que, mais tarde, passou a se chamar O Vaqueiro, depois Tropeiro e onde hoje é um Mc Donald. Manequito, que sempre estava por lá, me ajudava com as iscas e dava todo tipo de dicas do ofício que ele aprendeu com o seu pai, um velho pescador do Robalo. Entre um bagre e outro, ele costumava comentar sobre os torpedeamentos dos navios mercantes brasileiros. “Eu ajudei a carregar os corpos. Uns a gente enterrou no Cemitério dos Náufragos, outros a gente colocou no caminhão e o seu pai nos mandou enterrar noutro lugar. Fedor da peste! Aí, ele vendo que eu era bom de serviço, me nomeou olheiro, que era para eu ficar vendo o mar atrás de submarino e, se qualquer coisa estranha surgisse, era pra eu correr até a Chefatura e avisar. Eu e uma ruma de gente ficava a espera de avistar os alemães, mas nada deles aparecerem. Depois do bombardeio não houve mais submarino.” Comentava Manequito, enquanto me ensinava a dar nó no anzol. Nesse tempo, acredito que, devido a minha idade de criança, eu não dava muita importância para este sinistro, que tanto pressionou Getúlio Vargas a decretar guerra ao Eixo, como hoje me dedico e pesquiso sobre este assunto, de modo que muitas das histórias que me foram relatadas por Manequito sobre esse covarde episódio evaporaram da minha memória com o passar do tempo. Manequito era aquilo que os americanos chamam de “Jack of all trades, master of none” (pau-pra-toda-obra, mas especialista de nada), por sua vez uma criatura inofensiva, mesmo com aquele corpo gigantesco nunca puxou briga com ninguém.
Eu sabia onde ficava o seu bar, um barracão, frente para o mar, que existia e estava ali muito antes de eu vir para este Mundo. No entanto, na minha infância, este bar, residência e ponto de encontro do povo do mar tudo em uma só maloca praiana era somente frequentado por pescadores, marujos, cachorros e outros desocupados. Acredito que as famosas batidas ainda não faziam tanto sucesso, o que mais se servia por lá, nesse tempo, era cachaça pura, aquelas com cobras, raízes de árvores, pimenta e outros ingredientes acumulados no fundo das garrafas para dar gosto e conservar a bebida. Vez ou outra, quando alguém se excedia na bebida, Manequito parava de servir, mas se o bêbado era chato e começava a perturbar, o proprietário da casa carregava o indesejável para fora do seu bar e o largava na calçada de areia batida, que ficava na frente, ainda não havia calçada de cimento e o asfalto terminava uns 200 a 300 metros, antes de onde hoje fica a estátua do caranguejo.
O pé de Manequito era falado por todos que o conheciam e, quando, num final de tarde, aquele foi o assunto, no batente da frente do Distrito Policial, vizinho a casa dos meus pais, Magarefe, um soldado do destacamento e primo distante do proprietário dos pés gigantes, dizia que a fábrica não fazia sapato para quem calçava 56, mas os pais de Manequito tinham um compadre sapateiro de Itabaiana que confeccionou manualmente um par de sapatos especial e com ele presenteou o filho rapaz dos seus compadres. Mas Manequito quase não chegou a usar esta obra artesanal, ele gostava mesmo era de andar descalços. Porém, Dinha Leobina, sua mãe, não permitia que o filho fosse a funeral de ninguém sem os sapatos, porque achava que o solo do cemitério carregava os desgostos dos mortos e ela não queria esse tipo de assombração na sua casa. “_Homi, pra dizer a verdade, sargento…,” comentava Magarefe para o sargento Tainha, seus colegas de farda, que, sentados em circulo, lhe escutavam, assim como eu e outras crianças, que jogávamos marraio, no chão colado ao batente do Distrito, enquanto o soldado narrador apertava um cigarro de palha com fumo de rolo e, ao mesmo tempo, se contorcia todo, devido a um tique nervoso de quem era portador, concluindo a sua narrativa naquela tarde de prosa: “…lembra o mês passado, quando aquela rapariga matou Pernambuco? Eu tava lá no cemitério, porque ajudei a carregar o caixão e vi Manequito calçado. A mãe dele, já faz tempo que morreu, mas ele ainda só vai pra cemitério calçado.”
Quando eu fiquei rapaz, as minhas bebidas prediletas eram cuba-libre, que só vendia no Iate Clube e Associação Atlética ou, pelo menos, eram os únicos lugares que eu as conseguia consumir; cerveja, que continuo bebendo, e as batidas de mangaba e maracujá feitas por Manequito. O sabor destas duas últimas batidas, ninguém consegue imitar e eu e minha turma passamos a bater ponto, todo fim de semana, antes de seguirmos para o Jantar Dançante, no Iate Clube, regado a Cuba-libre sob o som da banda The Top´s com Tonho Baixinho, meu professor de violão, na guitarra; Marcelo Brito na guitarra; Marcos Guimarães e, às vezes, Pascoal Maynard na bateria; Pythiu no baixo; Nandika também na guitarra,.. dos que eu me lembro, mas acredito que houve mais integrante nesta banda. O som do The Top´s era, indiscutivelmente, o melhor de todo o estado e quando tocava o som psicodélico de Pink Floyd, adicionado aos efeitos das cuba-libres e batidas do Manequito …coitadas das garotas que dançavam com os frequentadores deste Bar, kkkk….
As batidas de Maniquito, em meados da década de 70, ficaram conhecidas por todos. Cansei de ser parado, nas ruas da Atalaia Velha, por estranhos que me perguntavam onde ficava o bar do Rei das Batidas. Dizem até que os sabores das suas batidas tinham ultrapassado as fronteiras do país, disso eu não sei dizer se é verdade, mas, dentro de Sergipe, não tinha ninguém que produzisse algo tão saboroso. Ah… isso eu confirmo e assino em baixo!
A estrutura do bar era inimaginável, mesmo para os padrões da época, alguma coisa surrealista, algo que ia além do que Hollywood, quando não tinha a rigidez, que hoje tem, com o politicamente correto, costumava exagerar e de maneira cômica, nas suas telas, ainda em preto e branco, os bares de Tijuna/México, nos seus filmes de bang-bang. Mas vou tentar puxar o máximo da minha memória para descrever algo inarrável: a fachada do bar era toda ela de tábuas, dessas usadas por pedreiros para montar um barraco de depósito de material, antes do início de uma construção, com dois janelões enormes e pesados, suspensos por dobradiças totalmente deterioradas por ferrugem causada pela maresia, acredito que, quando fechados, ficavam apoiadas por duas estacas que estavam sempre juntas e jogadas ao chão, o piso era de cimento rústico e o pedreiro que o construiu, certamente, durante o alinhamento do chão, estava sob os efeitos das batidas que o dono do bar produzia, para cometer tantos erros de desnivelamento, por sua vez, o seu contra piso era de tinta vermelha encardida. As paredes laterais eram forradas de esteiras de palhas que, na época, pessoas de baixa renda e que não podiam comprar cama, as usavam para dormir. O restante das paredes laterais era constituído de madeira já apodrecida pelo tempo. Não havia muitas mesas, no máximo umas seis, mas todas com os pés assimétricos, ou seja, um pé mais curto dos demais e, às vezes, quando as garrafas e copos começavam a cair no chão, devido ao balanço, causado pelo desnivelamento dos pés, o reparo era feito ali mesmo pelo proprietário com duas ou três marteladas nos pregos do pé da mesa que estava capenga e a mesa voltava ao normal, parava de balançar e derrubar as bebidas nela expostas. Eu mesmo nunca usei nenhuma daquelas mesas, a minha mesa era sempre o balcão, onde as batidas eram servidas (assim como me encontro na foto acima). Toda a iluminação do bar vinha de duas lamparinas elétricas com coberturas de cordas artesanais que, com a brisa do mar, balançavam constantemente produzindo umas imagens de sombras e luzes por todo o recinto. Uma das lamparinas ficava grudada na ripa do teto, que era todo ele coberto por telhas já corroídas por limo e, durante a chuva, não abrigava ninguém, porque as inúmeras goteiras espalhadas entre as telhas exigiam guarda-chuvas dos clientes, seu proprietário e sua família. A outra lamparina, um pouco menor e com luz de potência reduzida, era amarrada no teto, que ficava entre o balcão e as prateleiras, local que o proprietário colocava as batidas a ser servidas. Por derradeiro, o banheiro…AAhh… aquele banheiro! kkk… se é que podemos chamar aquilo de banheiro. Era, literalmente, um buraco cavado no chão e arrodeados de tábuas, não tinha luz, sabão nem água. Mas, para quem estava correndo o perigo de se urinar nas calças, aquela era a única opção. Defecar? Nem pensar!!!!! Era melhor fazer nas calças ou correr para o fundo do quintal do bar, onde existiam bananeiras e o mato era alto.
Os frequentadores do Manequito eram, na sua maioria, estudantes, intelectuais, músicos, professores e gente de toda classe e espécie. Ali dentro havia uma socialização harmoniosa, um tipo de interação entre os fregueses de causar inveja a qualquer carnaval. Se algo de especial tivesse de acontecer nas noites da Atalaia, acontecia no Manequito. Músicas improvisadas de rock a forró, mágicas, recital de poemas & poesia, discursos políticos contra o regime militar… Lembro-me, certa vez, um dos meus irmãos, após beber um litro e meio de batida e consumir meia dúzia daqueles cigarros cheirosos, que os hippies da década de 60 costumavam fumar, adentrou, com o carro do meu pai, o bar e lá propôs um leilão do veículo. A praia se espantou, ninguém se machucou, mas, para aquela noite, este incidente foi a atração de toda a Atalaia da Velha.
O bairro mudava, tornando-se o mais nobre do estado, residentes vindos de todos os cantos do Brasil e até mesmo do exterior, construíam suas mansões ao longo do bairro, prédios, que nunca existiram naquele solo, de uma hora para outra, se enfileiravam por dúzias e mais dúzias entre as ruas, antes desertas e sossegadas, hotéis, pousadas, lojas,.. chegavam feitos pragas de gafanhotos e, assim, ia aumentando assustadoramente o número de residentes, estranhos e tudo mudava, exceto o Bar do Rei das Batidas e ele, seu proprietário, que, bravamente, resistiam a todo tipo de mudança, permanecendo fieis as suas origens e a sua maneira pacata por natureza de ser. Manequito foi o mais autêntico de todos os “atalaienses” (desculpem-me o neologismo, pra dizer a verdade, não foi criado por mim. Quando fui morar neste bairro, os seus residentes, às vezes, chamavam uns aos outros pelos nomes: “atalaiano”, “atalaianino” ou atalaiense) e viveu, até os seus últimos dias, com originalidade, mantendo o mesmo carisma de sempre. Hoje, conterrâneos, em mensagens de whatsapp (sim, porque carta é coisa do passado) que a mim enviam junto a fotos da nova Atalaia Velha, se orgulham quando comentam sobre a beleza atual da sua orla. Este “menino do canário”, cresceu, ganhou asas e, para além das fronteiras que separam línguas, culturas e povos, conheceu o Mundo. Já sou septuagenário, sem contar as muitas outras luas que já se passaram junto a minha idade, e me considero um atalaiense, não como foi Manequito, porque não nasci na Atalaia Velha, mas tive a sorte de ter passado a maior parte da minha infância e adolescência neste bairro, quando, de fato, um vasto paraíso, nessa época, ali existiu.
Lembranças deste passado dourado, por mais distantes que elas estejam, seja devido ao tempo ou qualquer outro motivo, nada consegue corroê-las, porque perenes permanecerão enraizadas entre os labirintos das minhas entranhas, e, constantemente, vêm à tona, sem que eu as invoque, como agora, após deitar-me, na rede da varanda do apartamento para contemplar o Céu cinzento e poluído sobre uma enorme selva de pedras, que se estendem até o fim do horizonte, me trazem, junto a elas, a saudade do Bar do Manequito, nas memórias envolvendo aquele clima rústico e repleto de figuras zoeiras, que fomos nós, os seus clientes assíduos, aprontando as mais loucas e espontâneas presepadas, que, de certa maneira, contribuíram muito para o realce das noites da praia, e tudo isso sem contar a presença constante e harmoniosa do Rei das Batidas, revelam, em mim, a certeza de que esse tempo valeu.
* É advogado criminalista em São Paulo