Há em Aracaju um bairro que se chama Grageru. A frase que deu em rima, poderia ser o começo de um verso sobre a estranha coisa que se esconde sob o nome de Grageru. Perdeu-se a sequencia da rima, mas corporificou-se a duvida: O que é mesmo esse tal Grageru, nome de personagem não identificada, mas, certamente, tão conspícua e ilustre a ponto de nomear uma vasta porção da área mais urbanizada da capital Sergipana?
O nome, seguramente é indígena, provem de um dos ramos da vasta nação dos Tupinambás, do tronco Tupi- Guarani, que fez suas as terras litorâneas desde o Prata até o Amazonas. Aqui em Sergipe, e alhures, margeando a fímbria da areia e do mar, eles encontraram suculentas frutas às quais foram dando nomes: caju, massaranduba, ticum, ingá, jenipapo, araticum, mangaba, muricí, e também o grageru.
A frutinha não deixa em êxtase o paladar, humildemente quase insípida, engana quem a encontra, com aquele vermelho vivo a despertar prenúncios de gostos logo desfeitos com o primeiro mastigar da massa alvíssima, quase uma fina capa a encobrir um caroço, onde o inadvertido pode quebrar os dentes. Por aí se vê que o grageru é frutinha tola, que se perde na profusão de tantos finos sabores encontráveis em outras, naquela promiscuidade de árvores, arbustos e macega que formam a vegetação das restingas.
Nome de bairro
O grageru é fruto de uma arvoreta que crescia quase desmesuradamente pelas nossas praias, subindo dunas, desafiando a secura dos areais, ou o encharcamento das várzeas. O aglomerado urbano de Aracaju, avançando sobre os brejos, as praias, os baixios, foi afastando o grageru para longe. Lá, no bairro que lhe ganhou o nome, o grageru predominava.
O fruto do grageru é rosa e pode ser consumido in natura e como geleias. Também é conhecido como abajeru, bajuru e abajuru. Possui flores vistosas com cinco pétalas. Já as folhas orbiculares são usadas para se fazer chá. O fruto se destaca pela coloração rosa, branca, ou roxo-escuro. Apresenta uma única semente, e é consumido in natura, ou também como doce em caldas, compotas e geleias.
O guageru frutifica e floresce praticamente todo ano, porém com mais intensidade nos primeiros meses do ano. Se adapta com facilidade aos ambientes. É considerado resistente à salinidade, fogo e também a geadas. Pode se desenvolver em mangues, inundações, restingas e brejos.
Por Luiz Eduardo Costa (Fotos: Portal Paraíba Cultural)