Por Antonio Samarone *
Magia é a arte da ilusão, de modificar o curso dos acontecimentos manipulando forças estranhas. A magia é mais que o truque.
Conheci os magos no circo. O mágico Zé Bezerra não só tirava pombos de cartolas, ele colocava a sua esposa, dona Lourdes, no espaço. Não era truque, ele desafiava os incrédulos.
Zé Bezerra era convincente, a plateia acreditava que ele possuía uma força estranha, que tinha parte com o satanás. Era um prestidigitador, um feiticeiro, um teurgo, um saltimbanco admirável,
A televisão acabou com a magia, em sua realidade digital. Os mágicos passaram a demonstrar os truque de cada número, desmontaram a fantasia.
O cinema criou o mágico de OZ, a televisão acabou a fantasia.
Em minha ilusão infantil, tenho um consolo: eles não conheceram Zé Bezerra, não viram a “mulher no espaço”. Ali era mágica, longe dos truques bestas de cartas.
Tudo o que acontece de forma inexplicável, só pode ser mágica ou milagre. Mágica é o milagre laico. Exista ou não, eu acredito. Quero de volta a minha fantasia.
A ciência manipula as forças naturais e a magia as forças sobrenaturais. Santo Agostinho não enxergava diferenças, entre magia e bruxaria, as duas usam a ciência do diabo. Não existem magia negra e magia branca. A magia é única.
“A Bíblia proíbe o que é carmina, incantationes, maleficia; ela condena os arioli e os incantatores. Ela proíbe, também, toda forma de investigação do futuro e de interrogação dos mortos, como se vê no episódio do rei Saul e da pithonissa de Endor.” – Franco Cardini
Conta-se em Itabaiana, que Zé Silveira, o filho de Zeca Mesquita, no leito da morte, pediu a uma nora espírita: “a senhora pode ligar para o outro mundo, para saber para onde eu estou indo?” Todo mundo caiu na gargalhada.
Acho que Itabaiana deve uma homenagem ao seu maior artista, Zé Bezerra, ator, mágico, palhaço, cantor e saltimbanco.
Zé Bezerra foi o último mágico.
* É médico sanitarista.