As fazendas leiteiras de Sergipe, Alagoas e Pernambuco – uma área identificada por pesquisadores como “Sealpe” – captaram perto de 750 milhões de litros em 2022, um volume quase 15% maior que o do ano anterior. Somente no 3º trimestre do ano passado, foram capatados em Sergipe 97 milhões de litros de leite, um aumento de 22,03% na comparação ao mesmo período de 2021.
O leite que Sergipe, Alagoas e Pernambuco entregaram às industrias beneficiadoras é quase a metade do volume de todo a região nordestina, onde a captação aumentou 4% no ano passado. De todo o país, apenas o Nordeste ampliou a captação formal de leite em 2022, segundo um levantamento elaborado por Merinaldo Bezerra, consultor da Prestige Agronegócios, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O avanço da captação de leite em Sergipe, Alagoas e Pernambuco deve-se a uma série de fatores. Um dos mais citados é o desenvolvimento da produção da palma forrageira, um cacto que retém água e serve para alimentar o rebanho. Segundo Geraldo Eugênio, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, cultivo desse vegetal começou em meados dos anos 1990 e foi determinante para garantir os níveis da produção de leite no mais recente (e longo) ciclo de seca na região, entre 2012 e 2018.
Palma como alimento
Embora não resolva 100% da necessidade nutricional dos animais, a planta é “palatável” às vacas leiteiras, explica Eugênio. Ele acrescenta que, ainda que a região seja seca, ela recebe um volume de chuvas superior ao de outras área de clima semiárido mundo afora, como Espanha e Chile. “A água que chega ali não é pouca. São 700 litros por metro quadrado”, afirma o professor. “A questão é a eficiência no uso”.
Os custos mais baixos que os de outros polos de produção também são vantagens comparativas: a palma é mais barata que o milho, base da alimentação dos animais em outras partes do país, e o preço da terra também é inferior ao de outras regiões. No Sealpe, especificamente, há agricultores de todos os portes, mas a maior parte é de pequenas fazendas.
Melhoria genética
Outro elemento fundamental para o aumento da captação de leite no Nordeste foi a melhoria genética do rebanho, que reúne as raças holandesa e girolando, e a retenção de fêmeas. Os últimos três anos de chuvas ajudaram muito.
O último Perfil da Agropecuária Sergipana publicado pelo Observatório de Sergipe traz o Alto Sertão Sergipano com o maior número de estabelecimentos agropecuários com bovinos. Esse território é ainda o que concentra o maior número de laticínios. O secretário Municipal da Agricultura de Nossa Senhora da Glória, Dijalcir Ferreira Aragão, lembra que são mais de 2 milhões de litros de leite por dia beneficiado nos laticínios. “Sergipe foi responsável pelo crescimento de 28% na produção do Nordeste”, acrescentou o secretário.
O produtor de leite de Santa Rosa do Ermírio, em Poço Redondo, Edmilson Gois, confirma que o crescimento na produção está relacionado com os investimentos e na profissionalização. “Os produtores estão investindo em novas tecnologias como sala de ordenha, inseminação artificial, criação de reserva hídrica com pequenas barragens, reserva de forragem; e, também o bem-estar dos animais com acompanhamento de veterinário e zootecnista”, explicou Edmilson. Outro produtor, Francisco Ferreira Barbosa, sócio da Asproleite de Neópolis, diz que o crescimento da produção de leite também chegou ao Baixo São Francisco”, afirma Gois.
Com informações do Valor Econômico e do site (Milkpoint Fotos: Governo de Sergipe e rede social)