A modalidade de produção de biogás na região sul do país foi tema de visita técnica da equipe da Sergas à cidade de Entre Rios do Oeste, no Paraná. A agenda faz parte de uma série de visitas realizadas pela diretoria da companhia a órgãos estatais e produtores rurais, para o conhecimento dessa importante tecnologia, já estabelecida em território paranaense.
A propriedade visitada pelo presidente da Sergas, José Matos, se localiza a oeste do Paraná e tem o produtor José Anderle como titular. A localidade reúne um plantel de 3.600 suínos. Em toda a região do oeste paranaense, o projeto contabiliza em torno de 41 mil suínos, com uma produção acima de 3.500 m³ por dia de biogás com rejeitos de porcos.
“O objetivo do projeto é a geração do biogás através dos produtores. Esse gás é canalizado até uma mini central termoelétrica de gás, coordenada pela prefeitura de Entre Rios do Oeste, e lá é convertido em energia elétrica. Essa energia é comprada pela prefeitura para atender às necessidades dos prédios públicos municipais. Como o quantitativo de produção diária é variado, chega-se a uma produção em torno de 120.000 m³ por mês”, pontuou José Matos.
O presidente da Sergas explicou, ainda, que as cooperativas da região oeste do Paraná trabalham de forma integrada. “Das 15 maiores cooperativas de perfil agrícola do Brasil, cinco estão na região oeste do estado. O produtor recebe do frigorífico o suíno, a ração, os remédios, presta o serviço de engorda do animal e é remunerado pelo trabalho”, completou José Matos.
Para o produtor paranaense Gilmar Anderle, a parceria é essencial para o desenvolvimento agrícola da região e aumenta o potencial de investimento do produtor. “A propriedade fica com a obrigação da engorda e venda do animal ao frigorífico em boas condições de saúde. Fora isso, produzimos biogás através dos dejetos dos animais e do sistema de biodigestor. O gás produzido é vendido, repassado à mini central termoelétrica, transformado em energia e vendido para a prefeitura, melhorando economicamente o negócio”, explicou Anderle.
Energia gerada com biomassa
Após a criação do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), localizado no Parque Tecnológico da Usina Hidrelétrica de Itaipu (PR), há cerca de 10 anos, o Centro de Pesquisa se envolveu e fomentou projetos em todo o Brasil. Esta atividade se deu de forma especial no município de Entre Rios do Oeste, a 508 km de distância da capital Curitiba, que é banhado pelas águas de Itaipu. Sua população, estimada em 2021, é de 4.651 habitantes, que tem sua principal atividade econômica ligada à agropecuária.
No oeste paranaense, existem cerca de 55 produtores e biodigestores, que produzem uma quantidade de biomassa. Em razão disso, o CIBiogás chegou à conclusão de que seria viável a realização do projeto de utilização dessa biomassa como fonte de energia renovável.
A biomassa pode ser de matéria vegetal ou de dejetos de animais, como os suínos, bovinos e frangos. Só em Entre Rios do Oeste, existem cerca de 280 mil suínos, sendo o quarto maior plantel do Paraná. A prefeitura do município resolveu se incorporar ao projeto para atuar na destinação ambiental dos resíduos. Estes necessitam de tratamento específico para não prejudicar o lençol freático com o processo de biodigestores, já que são evacuados no meio ambiente, após tratados.
Para o secretário de Saneamento Básico, Energias Renováveis e Iluminação Pública de Entre Rios do Oeste, Carlos Eduardo Lewandowski, o projeto foi possível graças aos estudos realizados pelo CIBiogás. “O projeto foi cadastrado em 2012, na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), como projeto de eficiência energética. Em 2015, decretou-se que a Companhia Paranaense de Energia fosse a financiadora do projeto na região, envolvendo em torno de R$ 17 milhões”, declarou.
Ainda sobre o projeto, o CIBiogás captou os recursos, adquiriu os equipamentos e fez todo o gerenciamento dos recursos. Os produtores fizeram investimento nas suas propriedades, adequando-as ao que exige o projeto, além de instalarem o biodigestor. Os investimentos dos produtores variam entre R$ 60 mil e R$ 120 mil, a depender do número de animais no seu plantel. Hoje, existem produtores com até 6 mil suínos em suas propriedades.
Fonte e foto: Sergas