Engana-se quem pensa que a Acelen, empresa controladora da Refinaria de Mataripe, antiga “Landulpho Alves” (RLAM), na Bahia, pretende baixar os preços dos combustíveis. Muito pelo contrário: a Acelen já sugeriu ao Cade que acompanha a aplicação da nova política de preços da Petrobras. A empresa controlada pelo grupo árabe Mubadala diz ainda que não há informações claras sobre a previsibilidade de preços, o que também é uma das críticas feitas pela associação que reúne importadores de combustíveis (Abicom).
“O fato relevante dá à Petrobras a possibilidade de praticar o preço que ela quiser, e, como agente dominante, que tem um peso muito grande, na produção e na venda, de gasolina e de diesel, isso gera alguma insegurança”, afirma o presidente da Abicom, Sérgio Araújo.
Importadores de derivados de petróleo e refinadores privados são concorrentes da Petrobras e, portanto, diretamente sensíveis aos preços praticados pela Petrobras. A Petrobras é exportadora líquida de petróleo mas o Brasil importa, por exemplo, 25% do diesel e uma parcela menor da gasolina que consome.
Muda controle de preços
A Petrobras anunciou nesta terça que a partir de agora vai considerar, para formar seus preços, não apenas valores internacionais (preço de paridade de importação), mas também outros fatores como custos de produção. Críticos ao PPI avaliam que a parcela importada é bem menor que a produção, e que, por isso, não faz sentido seguir exclusivamente os preços internacionais.
Araújo avalia que as variáveis do novo critério de precificação da petroleira são vagas e tiram a transparência completa da forma de precificação da empresa.
“Uma coisa é o preço internacional, outra é o câmbio, no entanto, a Petrobras está incluindo variáveis que estão muito vagas, como por exemplo alternativa para suprimento do cliente, valor marginal por refinaria, o custo interno de produção, alternativa para exportação, preço do produto substituto…”, frisou
Recorreu ao Cade
Na mesma linha, a Acelen argumenta que a falta de clareza na previsibilidade de preços nova política de preços tende a afastar novos investidores no setor.
“Neste sentido, consideramos saudável que o Cade acompanhe as variações de preços e aplicação dessa nova política, garantindo simultaneamente as condições isonômicas de acesso ao petróleo brasileiro pelas refinarias privadas, preservando a competitividade e a sustentabilidade do setor”, afirmou a companhia, sem informar, contudo, se tomou alguma medida junto ao órgão de defesa da concorrência.
A Acelen informou ainda que, após reduzir semanalmente preços nos últimos meses, vai anunciar um novo reajuste em junho. Isso porque a empresa acompanha os preços no mercado internacional. As cotações recuaram devido, entre outros motivos, à menor demanda pós inverno no hemisfério Norte.
No diesel, foram 10 reduções consecutivas, acumulando queda de 31% desde o início do ano. Já a gasolina acumula queda de 16% no mesmo período. Em relação ao GLP, que tem preço atualizado mensalmente, a redução foi de cerca de 10%, de março para maio. Novo reajuste será anunciado no início de junho.
“Cabe destacar que a empresa possui uma política de preços transparente, a partir de uma fórmula objetiva, homologada pela agência reguladora, que assegura previsibilidade e preços justos, visando um mercado mais competitivo no país”.
Fonte: site Petroleo Hoje (Foto: Acelen)