Ex-presidente do Ipesaúde rebate dívida de R$ 200 milhões

Por Marcos Cardoso

José Lima Santana: “O servidor público vai ter que ser penalizado?”

O professor e padre católico José Lima Santana questiona a dívida de R$ 200 milhões e a elevação dos valores das contribuições dos beneficiários do Instituto de Promoção e Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Sergipe (Ipesaúde), recentemente aprovada pela Assembleia Legislativa de Sergipe. Professor do Departamento de Direito da UFS e pároco da Igreja de Santa Dulce dos Pobres, na Aruana, ele foi presidente do Ipesaúde.

“Surpreendeu-me saber desse rombo acumulado e um déficit mensal de R$ 10 milhões. Como o governo anterior deixou esse rombo acontecer sem fechar possíveis sangrias?”, pergunta José Lima Santana, ele mesmo respondendo: “Então, pela ineficiência administrativa, o beneficiário vai ter que pagar? Esses anos todos não fizeram cálculos atuariais, não buscaram equacionar a despesa com a receita? O servidor público vai ter que ser penalizado?” A nova contribuição mensal dos titulares será no percentual de 6% e dos beneficiários-dependentes será de 8%.

José Lima Santana também indaga: “Por outro lado, os convênios feitos com as prefeituras dão superávit ou déficit? Essas contas foram feitas?” Ele explica resumidamente como conseguiu sanear as finanças do Ipesaúde quando presidiu o instituto nos anos de 2004 e 2005:

“Quando eu assumi o Ipes, achei uma dívida de R$ 16.900.000,00. A receita era de R$ 3.500.000,00 e a despesa era de R$ 5.200.000,00. Déficit mensal de R$ 1.700.000,00. Havia sérios desvios. Denunciei ao MP. Processo criminal contra um sujeito que tinha, somente no papel, três laboratórios, que ‘fabricavam’ notas fiscais de prestação de serviço. No depoimento dele no MP, ele disse que fazia aquilo há 20 anos e ninguém tinha descoberto. Mas não diria quem estava por trás dele, porque corria risco de morte. As guias amarelas dos exames especializados sangravam o Ipes. Mudei todo mundo do setor. Baixaram absurdamente o volume de expedição dessas guias. Cada mês havia mais de 200 ressonâncias magnéticas, a R$ 930,00 cada uma”, recordou.

Nesta quinta-feira, 22, o Ipesaúde publicou uma nota buscando esclarecer “pontos importantes sobre o novo Projeto de Lei que reestrutura a autarquia”. Leia aqui a íntegra da nota: https://ipesaude.se.gov.br/ipesaude-esclarece-pontos-importantes-sobre-o-novo-projeto-de-lei-que-reestrutura-a-autarquia/