Por Fátima Barros *
Hoje meu Personal trainer veio aqui em casa e recomecei os meus exercícios de musculação. Ele chegou animado e me animando, dizendo que nesses dias iniciais teríamos exercícios ligth, leves, até que eu e meu corpo nos acostumássemos melhor. Beleza, pensei. E disse também que não faríamos caminhadas nesse recomeço, forçaria muito meus joelhos. Maravilha, continuei pensando.
Começamos. Depois de uns dez minutos, comecei a desconfiar que o conceito de “light e leve” dele, era diferente do meu. Mas continuamos. Logo depois comecei a achar que ele tinha confundido light com power e leve com pesado. Minutos adiante, a desconfiança transformou-se certeza absoluta! Mesmo assim, fomos em frente.
Lá pras tantas, sem saber ao certo de onde vinha tanto suar à ponto de colar a blusa às minhas costas, comecei a sentir alguma coisa estranha, mas sem saber bem ao certo o que era. Quis questiona-lo, mas a voz não saiu e foi então que percebi que o problema era na minha laringe: ela estava travada! Exceto por uns ais e uis esporádicos, pensei que tinha ficando muda. E ele continuava a me mandar fazer exercícios “leves e ligth”. Àquela altura eu já não tinha vontade própria, muito menos força e voz pra contestar qualquer coisa.
Ao perceber que eu estava muito ofegante e suada, ele, num ato de extrema bondade – um santo homem! – disse que me daria 30 segundos para descansar. Trinta segundos! Mas acho que ele só esperou um segundo e meio e já recomeçou a sessão de tortura. Eu já estava sem esperança de sobreviver e nem me importava mais. A essa altura já tinha pensado em vassoura atrás da porta, porção de sal assando na panela e todas essas magias que a gente aprende com a sabedoria popular. Foi então que ele disse “por hoje é só” e eu senti que havia chance de sobreviver.
Eis que ouço, como vinda lá das profundezas, a voz dele dizendo que iria fazer uma massagem nas minhas panturrilhas a fim de deixá-las relaxadas. Mas, cadê voz pra contestar? Totalmente estarrecida, vi perfeitamente o sadismo com que ele quase arranca as batatas das minhas pernas! Foi então e só então que uma solitária e solidária lágrima fugiu do meu olho e se alojou na ponta do meu nariz. Acho que não estou emocionalmente pronta para disputar as olimpíadas…
* É juíza de Direito aposentada