Indignação, inconformismo e revolta. Este é o sentimento da diretoria do Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) diante da grave denúncia de que o estado pode figurar como o primeiro do Brasil em casos de mortalidade infantil. A projeção tem como base, além das denúncias, estudos do Comitê Nacional de Mortalidade Infantil, que devem ser publicados nos próximos meses. A taxa de mortalidade infantil é calculada por meio da quantidade de crianças que morrem antes de atingir um ano, a cada mil nascidas vivas.
No último estudo divulgado pelo Ministério da Saúde, publicado em 2021, tendo como base o ano de 2019, Sergipe estava na quarta posição do país e o primeiro do Nordeste, com média 17,7, sendo que a média nacional, à época, era de 13,3, e a do Nordeste, 15,2. “Sergipe é muito pequeno e isso não justifica, não tem por que. É uma coisa que seria fácil administrar, teoricamente. E o pior, mais de 60% são por mortes consideradas evitáveis”, frisa a pediatra e neonatologista Aline Siqueira, integrante da Sociedade Sergipana de Pediatria.
Números vergonhosos
Para o presidente do Sindimed, médico Helton Monteiro, os números são vergonhosos e inconcebíveis, pois “não há cabimento, em dias atuais, ainda existir crianças morrendo por falta de assistência adequada”.
“O nosso Sindicato vem a público denunciar os números alarmantes da mortalidade infantil em Sergipe. É um absurdo que, em plenos anos 20 do século 21, tenhamos crianças morrendo por falta de assistência no Sistema Único de Saúde (SUS), mulheres que sequer têm a oportunidade de fazer um pré-natal, maternidades que não têm condições adequadas para assistir a população”, afirma Monteiro.
Helton Monteiro cobrou dos governos (estadual e municipais) mais compromisso com a saúde pública, isso porque a mortalidade infantil é um importante indicador das condições de vida de uma população. Valores elevados refletem precárias condições de vida e saúde e baixo nível de desenvolvimento social e econômico.
“Quero dizer aos gestores que, ao invés de estarem preocupados com festas, com shows, com a foto mais bonita que vai ser publicada na mídia social, façam o SUS acontecer, trabalhem de forma integral, com equidade. Façam com que o SUS chegue às populações mais miseráveis de nosso Estado. Saúde pública não se faz com oba-oba de um dia. As pessoas são negligenciadas durante anos e um dia não resolve o problema delas”, vociferou o presidente.
Helton também cobrou dos Ministérios Públicos e da sociedade mais engajamento na causa. “Que os Ministérios Públicos, de forma veemente, fiscalizem, responsabilizem esses gestores, ou eles vão terceirizar a saúde pública como um todo. É preciso que nós, enquanto sociedade, também façamos a nossa parte no sentido de responsabilizar todos esses que estão negligenciando o futuro das crianças do nosso Estado. O Sindimed se coloca à disposição de todos os gestores, da sociedade, dos órgãos fiscalizadores para combater essa mazela que é a mortalidade infantil. Não podemos admitir mais isso”, exclamou.
Fonte: Ascom/Sindimed (Fotos: Agência Brasil e Sindimed)