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Pesquisa avalia avanço do mar sobre o “Velho Chico”

Grupo de pesquisadores percorre águas do Velho Chico entre Sergipe e Alagoas

A água salobra às margens da Ilha da Teresa, distante a cerca de 15 quilômetros da foz do Rio São Francisco, no município de Brejo Grande (SE), é apenas um dos sinais das mudanças no ecossistema da região ribeirinha. Além dos impactos vistos a olho nu na fauna e na flora, os efeitos sociais e econômicos diante do avanço do mar emergem a cada relato de quem vive da riqueza natural do Velho Chico, principalmente da pesca artesanal.

Elaborar indicadores ambientais e socioeconômicos para melhorar a gestão de recursos hídricos na região da foz é o objetivo de um grupo de 20 pesquisadores que começou a percorrer as águas do São Francisco no final do mês passado. Com a elaboração dos indicadores de sustentabilidade sobre a foz do Velho Chico, a equipe pretende desenvolver uma plataforma online de monitoramento das cadeias produtivas e dos recursos naturais do Baixo São Francisco.

Pesquisa envolve análise de peixes capturados no estuário do rio

Coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o trabalho também envolve pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF).

Nos próximos três anos, os pesquisadores das cinco instituições vão percorrer a região estuarina, em parceria com a ONG Amigos do Turismo e do Meio Ambiente, da Barra dos Coqueiros (SE), e a Associação Aroeira, de Piaçabuçu (AL). As coletas serão feitas, pelo menos, duas vezes ao ano, nos períodos de chuva e de seca.

“O objetivo principal é permitir aos estados e municípios e aos comitês gestores a utilização dos indicadores para tomar decisões, estabelecer políticas públicas, formular princípios, normas e diretrizes, decidir sobre o uso, controle e proteção da água enquanto recurso”, afirma o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Marcos Cruz.

Com execução até o ano de 2026, o projeto intitulado “Indicadores ambientais e socioeconômicos para a gestão integrada participativa dos recursos hídricos da foz do Rio São Francisco e zonas costeiras adjacentes” é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Indicadores ambientais

Silvânio Costa é químico e professor de Recursos Hídricos da UFS

Os indicadores ambientais estão sendo elaborados a partir da análise de parâmetros físico-químicos da água e do solo; da avaliação das concentrações de pesticidas, metais pesados e contaminantes biológicos no pescado; e da distribuição de espécies de peixes, moluscos e crustáceos ao longo do estuário.

“Esta região vem sofrendo com mudanças no padrão climático, com a ocorrência de sucessivos períodos de seca. Há um avanço da cunha salina na região da foz, causando a salinização das águas utilizadas para abastecimento e atividades agrícolas, alterações na biota e diminuição dos estoques pesqueiros,” alerta o químico e professor de Recursos Hídricos da UFS, Silvânio Costa. Os indicadores socioeconômicos são voltados para as cadeias mais impactadas pelo avanço do mar na região: a pesca artesanal e a rizicultura, diante do processo de substituição do cultivo de arroz pela carcinicultura, que é a criação de camarão.

Por Josafá Neto da Ascom/UFS (Fotos: Divulgação/GeoBSF)

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