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O volante que trocou de luta

Houve um policial volante da então Força Pública de Sergipe que teve uma vida de intensas reviravoltas, fazendo-se por isso, dono de uma história interessante e, assim, merecedora de registro e lembrança. Seu nome: Plácido da Rocha Pita.

Nascido em 22 de março de 1911, no município de Batalha em Alagoas. Precisamente, na localidade de Aguapé. Aos 16 anos, em 1927, ingressou na Força Pública de Sergipe.

Sua chegada à Força Pública de Sergipe dar-se-ia no mesmo período em que Lampião também iniciaria sua atividade nas terras de Serigy. Exatamente por esse motivo, Rocha Pita seria engajado no combate a Virgulino, ingressando imediatamente na Volante e rumando ao sertão sergipano, onde atuaria de 1928 à 1932, enfrentando caatingas, calor, sede, fome e violência.

Nesse ínterim, em 1930, retornaria à capital no contexto da Revolução que marcou o fim da República Velha, naquele ano. Integraria o corpo de tropa remetido à divisa alagoana, que ofereceria pouca resistência às tropas revolucionárias e retornaria à Aracaju, onde seria recrutado pelo Ten. Gomes – como seu ordenança – seguindo em combate às tropas legalistas vindas da Bahia. Iria efetivamente combater naquelas terras e o embate do qual tomaria parte, dar-se-ia no local denominado Sauípe, no Município de Alagoinhas.

No contexto daquela revolução, em terras baianas, a cidade de Alagoinhas foi realmente um local de importância destacada naquela luta, que seria descrita assim

O G.B.C Juracy Magalhães fixaria o inimigo na frente de Sauípe. O G. B. C. Aguinaldo faria o desdobramento pelo flanco esquerdo do inimigo ocupando Aramari e cortando a Estrada de Ferro de Serrinha/Juazeiro; o G.B.C. Monteiro Faria o desdobramento pelo flanco direito na direção de Araçás e Sítio Novo cortando a retaguarda das tropas e a sua ligação com Salvador, o G.B.C Affonso Ribeiro ficaria de reserva (O JORNAL, 12.11.1930).

Detalhe que Rocha Pita evidencia: a tropa revolucionária construiu a estrada pelo litoral sergipano até Jandaíra, nessa ocasião. Pensando em tal caminho, vemos provavelmente tratar-se do trecho de estrada que segue ao sul de Aracaju até o Mosqueiro – ultrapassando o Rio Vaza-Barris, adentrando em Itaporanga, passando por Estância (Praias da Cauera, Abaís, seguindo pelo Porto do Mato, atravessando a foz do Rio Real/Piauitinga), seguindo por Indiaroba, cidade que faz divisa com Jandaíra. Por não haver pesquisado a respeito, não podemos afirmar ser esta pista, que hoje chamamos de linha verde. Mas, é possível e assim que descobrirmos, retomaremos esse tema. Voltemos à Rocha Pita.

Após estabelecida a revolução, a perseguição a Lampião volta à tona e Rocha Pita é designado para reintegrar as volantes sob comando dos Tenentes Cruz e Aurélio, atuando em cidades como Capela, Aquidabã, Propriá e Canindé.

Nesse período, ainda prestou serviço por um ano o Exército, sendo todo o período integrando forças volantes. Rocha Pita revela que o período em que perseguiu Lampião foram tempos difíceis, para elementos

“Estes atos selvagens e muito outros que deixei de mencionar, endureceram as diligências da perseguição, de tal forma que o sertanejo não sabia a quem temia mais; se aos bandidos ou às diligências. Foram dias medievais; de incertezas, sangue, suor e lágrimas.”

Segundo ele, a experiência nas diligências marcou profundamente sua alma, deixando cicatrizes de difícil cura, o que o fez procurar outros caminhos que lhe levaram ao ingresso no corpo de bombeiros, pois estava cansado da vida de polícia e abalado mentalmente com a dureza das dolorosas coisas que presenciara e quem jamais serão esquecidas.

Ingressaria no Corpo Bombeiros (então sob gestão do Município de Aracaju e não ao Estado de Sergipe, como hoje). Seguiria carreira até a Graduação de Segundo Sargento, pedindo baixa da corporação em 1940.

A decisão pela saída da corporação, abandonando um soldo certo, uma garantia, deu-se por entender que necessitava integrar um novo exército.

Exército que achou na religião. Logo estaria marchando novamente para Propriá, mas ao invés de um fuzil, seguia agora com um livro em mãos, ao invés de força, violência, dor e morte, levaria amor, tolerância, compreensão e a edificação.

Seguiria pregando sua fé no Baixo São Francisco e depois seguiria rumo à Bahia onde estabeleceria sua obra em seu novo exército.

Rocha Pita consolidaria sua obra e sua fé, tornando-se uma referência no movimento religioso que abraçou. Seu pioneirismo o fez Pastor, Colportor e Evangelista, estabeleceu-se em diversas cidades baianas, a saber de algumas: Feira de Santana, Vitória da Conquista, Juazeiro, Milagres, dentre outras.

E, assim, Rocha Pita faleceu, ainda participando de algumas atividades religiosas, já aposentado, em 1982.

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2 Comments

  1. Lucas vieira pimentel da rocha pita disse:

    Muito feliz em ler este artigo que homenageia e relembra a historia do meu querido bisavo.
    Sua biografia, escrita pelo proprio em forma de diario, tem o nome “porque mudei de exercito”.

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