Por Ilma Fontes *
Toda mulher tem o direito de pensar por si mesma sem precisar concordar com tudo que já foi dito.
Toda mulher tem o direito de menstruar em paz sem precisar dar explicações a ninguém.
Toda mulher tem o direito de ser alguém, com ideias próprias e ser dona do seu destino e do seu silêncio.
Toda mulher tem o direito de dizer bobagens e cometer erros sucessivos até acertar, na poesia ou na vida.
Toda mulher tem o direito a comer o pão que o diabo amassou desde que seja por amor.
Toda mulher tem o direito de ser querida, ao menos uma vez na vida e de ouvir “eu te amo”, mesmo que seja mentira.
Toda mulher tem o direito de tentar e realizar, querer e fazer, casar e descasar, experimentar e ousar.
Toda mulher tem o direito de decidir se tem ou não um filho: principalmente antes de fazê-lo.
Toda mulher tem o direito pleno e absoluto do seu corpo podendo inclusive envelhecer com ou sem cirurgia plástica.
Toda mulher tem o direito aos seus cabelos brancos, mesmo que os pinte.
Toda mulher tem direito a ter medo de cobra, aranha, barata, rato e fotógrafos.
Toda mulher tem direito ao recato de não precisar expor seus segredos.
Toda mulher tem direito a ter segredos.
Toda mulher tem o direito de dizer Não, seja ao marido, à amiga ou ao patrão.
Toda mulher tem direito a ter um caso de amor, seja lá com quem for.
Toda mulher tem direito a gostar de seda e cetim, de vinho, whisky, vodka ou gim.
Toda mulher tem direito a uns quilinhos a mais nos quadris.
Toda mulher tem direito a “fechar” o trânsito, desde que seja funcionária do Detran.
Toda mulher tem direito a gastar mais do que pode, uma vez por ano.
Toda mulher tem direito a férias de si mesma, para o seu próprio bem e dos outros também.
Toda mulher tem direito a uma cama macia, em boa companhia, seja de noite ou de dia.
Toda mulher tem o direito de sonhar.
Toda mulher tem o direito de ser única.
Revogam-se as disposições em contrário.
Médica, jornalista e produtora cultural, Ilma Fontes morreu em 2021.