Por Antonio Samarone *
Numa sociedade de bárbaros, Seu Noronha foi um gentleman.
Um homem fino, amante dos saraus e soirées dançantes em sua residência, geralmente aos domingos.
Noronha nunca teve inimigos.
Um conciliador!
Conta-se que houve uma rixa violenta entre dois comerciantes em Itabaiana. O primeiro, contou a sua versão a Noronha, e ele deu razão: “você está certo!” Minutos depois, o segundo briguento contou a versão dele, Noronha deu razão ao segundo: “você está certo!”
Dona Teonila, a esposa de Noronha, assistiu aquela cena intrigada: “Pera aí, Noronha, você deu razão aos dois na mesma causa, é muita incoerência de sua parte.” Noronha respondeu: “você está certa!”
Esperidião Noronha nasceu em Itabaiana, a 24/10/1874. Filho de Seu Benvindo e Dona Antônia. Foi comerciante, sentou praça no 28º BC, e levou o primeiro caminhão para Itabaiana, por volta de 1928.
Com a criação da Estrada de Rodagem para Aracaju, o caminhão de Seu Noronha, fazia linha regular para Laranjeiras.
A chegada do caminhão em Itabaiana, pelas mãos de Seu Noronha, se aproxima dos cem anos. Foi ele que iniciou a saga da Capital Nacional dos Caminhões.
Noronha foi músico, compositor, maestro da Filarmônica Santo Antonio, a filarmônica dos Cabaús, criada por Batista Itajahy, em 1904. Essa Filarmônica durou até 1925.
Noronha retornou a centenária Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, a filarmônica tida como dos Pebas. Essa desavença política em Itabaiana, Pebas X Cabaús, vem de longe.
Esperidião foi político, exercendo o mandato de vereador de Itabaiana por três vezes e de deputado constituinte pela UDN, em 1947, eleito com 924 votos.
Esperidião Noronha faleceu em 24 de dezembro de 1956, quase cego, aos 82 anos. Está sepultado no Cemitério de Santo Antonio e Almas de Itabaiana.
* É médico sanitarista e está secretário da Cultura de Itabaiana