A inserção da robótica como forma de auxílio na educação já está sendo discutida nas escolas em Sergipe. O principal objetivo dessa nova ferramenta de aprendizagem é utilizar os conhecimentos sobre robótica em atividades que complementam o conteúdo ministrado nas aulas. Um projeto piloto está sendo desenvolvido no Colégio Estadual Francisco Rosa, localizado no bairro Bugio, em Aracaju, com objetivo de despertar e provocar os alunos a desenvolverem projetos de robótica.
O professor de Sociologia, Flávio Gilberto, é o idealizador do projeto de robótica educacional, que vem mudando a realidade de muitos alunos da Escola Francisco Rosa. O projeto surgiu, em 2013, através doedital de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBICjr).
“Sempre senti vontade de trabalhar com a robótica educacional na sala de aula, mas nunca tive uma oportunidade. Muita gente acha que os pressupostos da robótica vêm da Física, Informática ou Engenharia Mecânica, mas os pressupostos são de aprendizagem, criando um ambiente que vai proporcionar ao aluno autonomia no seu processo de aprendizagem. Um ambiente de participação, desafiador e lúdico”, destacou Flávio.
Uma aula por semana
A aula de robótica ocorre uma vez por semana e com duração de três horas de aula. O professor Flávio explica que não há uma turma fechada de alunos, pois todos os alunos da escola são convidados a conhecerem o projeto e participarem. A média, hoje, é de 20 alunos por aula, mas a meta é conseguir uma melhor estrutura e equipamentos para atender uma turma de 40 alunos.
O foco do projeto é auxiliar no processo de ensino e aprendizagem dos componentes curriculares da sala de aula. O professor Flávio explica que todo conteúdo visto na sala de aula é trabalhado na aula de robótica. “Ele vê um assunto sobre Física na sala de aula, por exemplo, e trabalhamos esse mesmo conteúdo/conceito na aula. Torna mais significativo o aprendizado do que você ver de forma abstrata. O projeto acaba colocando o aluno para trabalhar com educação tecnológica e coloca esses alunos em contato com todos esses códigos de hardware esoftware livre, que é um movimento make (Faça você mesmo). Estamos o colocando em contato com que existe, hoje, de tecnologia”.
Bons frutos
O professor Flávio avalia que o projeto tem um papel muito importante ao estimular vocações científicas e provocar os estudantes a produzirem projetos muito interessantes. “Tem um aluno que está desenvolvendo o projeto de um cinto para pessoas que não enxergam. Isso é denominado de tecnologia assistida, em que você pega uma tecnologia e vai melhorar a qualidade de vida das pessoas. O professor é o mediador e eu estimulo, provoco o aluno a pesquisar e desenvolver um projeto de sua autoria”.
O projeto inovador é do estudante Williams Dantas dos Santos. Segundo Williams, desde o início do seu projeto, a ideia era produzir algo que ajudasse pessoas com deficiência e, por isso, a ideia de produzir um cinto que auxiliasse pessoas com deficiência visual.
“Desenvolvemos um cinto com mp3 para facilitar a comunicação. Você usa o cinto e o fone de ouvido. O equipamento vai auxiliar a pessoa a se movimentar apontando obstáculos e a distância, até chegar ao local desejado. A nossa meta ainda é melhorar esse produto que desenvolvemos, para que possa ser utilizado”, conta o estudante.
Williams integra o projeto desde 2013, ele conta que foi um estímulo para escolher qual carreira deseja trilhar. “Estou há dois anos nesse projeto e a oficina é algo que gosto de participar e tenho muito interesse. Hoje, quero fazer Engenharia Mecatrônica por causa desse projeto. Eu acho muito empolgante desenvolver esses protótipos”.
Mão Robótica
A estudante Vanessa Araújo da Silva, 19 anos, também teve a preocupação de desenvolver um projeto de robótica assistida. Com a ajuda do professor Flávio, a estudante desenvolveu uma mão robótica para pacientes que tenham perdido esse membro.
“Sempre me interessei por essa área de tecnologia e procurei o professor para participar da aula de robótica. Comecei a aprender coisas sobre programação e comecei a pensar no projeto da mão. Na época, pensei muito em ser um protótipo da mão robótica para pessoas que tivessem perdido a mão. Tinha essa ideia. Essa bolsa é importante porque a gente aprende coisa sobre Física, isso acaba influenciando no desempenho na sala de aula”, afirma Vanessa.
Os projetos desenvolvidos pelos alunos na aula de robótica têm gerado bons frutos. Os alunos participaram, em 2014, da Feira Estadual de Ciências de Sergipe e da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). “Começamos com o primeiro robô e os alunos foram lendo e desenvolvendo novos projetos. Participamos da primeira Feira de Ciências e, logo em seguida, fomos selecionados para participar da Olimpíada de Robótica a nível nacional. Foi uma das experiências mais ricas que já tive”.
Fonte e foto: Fapitec/SE