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Em Aracaju o sorvete chegou primeiro nos hotéis

A Sorveteria Yara foi fundada no final de 1944, bem no centro de Aracaju

Por Osvaldo Ferreira Neto *

Os espaços que primeiro receberam os sorvetes na terra das mangabas foram as residências, os engenhos e os casarões da elite sergipana do início do século XX. Só em 1915 os sorvetes chegam aos hotéis de Aracaju como uma sobremesa fina e cara, devido a refrigeração que, na época, era uma tecnologia onerosa.

Sorveteria Confiança, à direita da esquina das ruas São Cristóvão e João Pessoa, no centro de Aracaju

Em 1921, foi fundada a primeira sorveteria de Aracaju, batizada de Confiança e que ficava na esquina das ruas São Cristóvão e João Pessoa. Foi inaugurada com três sabores: creme, morango e chocolate. Em 1923, o micro empresário espanhol Vicente Salvador Ortega estacionava diariamente na esquina da Igreja de São Salvador, ao lado do cartaz do Cinema Rio Branco, um pequeno carro de madeira, coberto e dotado de uma sorveteria manual, extraindo os melhores sabores de frutas.

Em 1932, Sizenando Vieira Leite, proprietário do Ponto Chic, estabelecimento localizado na rua João Pessoa, começou a fabricar picolés deliciosos que fizeram tanto sucesso que ganharam espaços nos jornais de Salvador (BA) como o “ Foia do Roceiro”. Os picolés de Sizenando foram fabricados até 1942, quando o racionamento de alimentos provocado pela Guerra prejudicou a sua produção.

A Yara era sorveteria pelo dia e boate à noite

No ano 1936, foi fundada a Sorveteria Primavera, de propriedade do simpático casal Acioli e dona Glorinha. Era a mais elegante e luxuosa de Aracaju. As pessoas entravam na Primavera para se deliciar com o Dust Miller, o Sunday e o famoso sorvete de ameixa. A Sorveteria Primavera serviu suas delícias até 1963, quando foi incorporada à nova Sorveteria Yara, criada no final de 1944 para ser sorveteria pelo dia, no espaço térreo, e boate à noite, no primeiro piso. A famosa Yara entrou em decadência no final dos anos 60, tendo fechado as portas em 1979.

A Sorveteria Cinelândia era famosa por usar as frutas naturais de Sergipe

A Cinelândia foi fundada nos anos 1956, na rua Itabaianinha, nº 29, vizinho ao Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGS). Renovando a técnica de fazer sorvete, a Cinelândia aproveitou todas as frutas comuns em Sergipe, como a nossa amada mangaba, sempre usando um percentual menor das essências. No início dos anos 1980, a Cinelândia abriu um quiosque na Praia de Atalaia.

Além de ser o endereço na orla para se saborear um ótimo sorvete, o local se tornou point da juventude, dos surfistas, do bom papo sobre a política e da turma alternativa. A extensão da orla onde ficava o quiosque da sorveteria ganhou o nome de Praia da Cinelândia. A sorveteria fechou o quiosque em 1994, sendo que a loja matriz encerrou as atividades no final dos anos 1990, após a morte do fundador, seu Araújo.

Nos dias de hoje

A partir dos anos 80, os sorvetes e picolés saíram da área central de Aracaju para ocupar espaços os bairros. Outras sorveterias surgiram como as Rivage, Moniery, Vi Sabor, Bambino, Friberg, Frut. Sabor, Tchê Sorvetes, Sorveteria Castelo Branco e a D+Um. Portanto, podemos observar que sorvete, além de ser uma delícia, foi um grande produto de divulgação do estado de Sergipe e um point nos domingos à tarde.

* É editor do Portal Expressão Sergipana (Texto publicado originalmente no Portal Expressão Sergipana)

Fotos: blog Aracajusaudade

 

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1 Comments

  1. Jorge Marcos disse:

    Vale ressaltar que na década de 1980, chegam sorvetes de marca nacional Kibon, Maguari, bem como a novidade, o picolé de forma “cilíndrica”

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