Região semiárida mais populosa do mundo, a Caatinga pode alcançar a marca de 90% de seu território com perda de espécies da fauna e flora graças às mudanças climáticas. É o que mostram dois estudos baseados nas projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). De acordo com Mario Ribeiro de Moura, doutor em Biologia e professor visitante da Unicamp, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade da Caatinga, é necessário um planejamento articulado.
A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro e o quarto do país em área geográfica, cobrindo 9,9%% do território nacional. Ele fica atrás de Amazônia (49,3%), Cerrado (23,9%), e Mata Atlântica (13%), mas, mesmo proporcionalmente, existe uma enorme discrepância em termos de áreas protegidas. Apenas 1,3% da Caatinga está sob proteção, enquanto a Amazônia chega a 49%.
Mario Ribeiro de Moura ressalta que estudos recentes indicam que a Caatinga possui 3.150 espécies de plantas e 1.425 vertebrados, incluindo 548 aves, 386 peixes, 210 répteis, 183 mamíferos e 98 anfíbios, sendo parte dessa biodiversidade encontrada exclusivamente neste bioma. Atualmente, desse total, 350 espécies de plantas e 252 espécies de vertebrados são listadas como prioritárias para conservação pelo Ministério do Meio Ambiente. Algumas plantas nativas são importantes para atividades de extrativismo sustentável, como o caju, umbu e cajá.
Um dos melhores modelos de restauração da Caatinga vem sendo desenvolvido na última década pela professora Dra. Gislene Ganade, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O objetivo geral do experimento é desenvolver novas técnicas de restauração para recuperar florestas tropicais secas degradadas e combater a desertificação. Ele pode ser mais conhecido no site lerufrn.wixsite.com/restoration.
Fonte: Correio da Bahia (Foto: Divulgação)