Por Clara Angélica *
Quem precisar de ajuda dos órgãos públicos de Sergipe, pode esperar bem sentado. Quando precisei da Emsurb para limpeza de um terreno baldio ao lado da minha casa, o diretor até comprometeu-se a solucionar o caso diante de repórter da TV Sergipe, e “esqueceu.” Era a gestão de Luís Roberto. E penso: se esqueceu algo tão simples de fazer, como impedir que cobras e caramujos continuassem invadindo meu jardim colocando em risco a mim e meus bichos de estimação, como tratará a cidade, se for prefeito? Eu mesma tive que pagar 500 reais, para homens invadirem (ilegalmente) e limparem o terreno abandonado pelo proprietário (meu atenuante). Tenho que fazer isso todos os anos, porque a prefeitura não exige de proprietários de terrenos que os mantenha cuidados e livres de pestes. E os vizinhos que se danem.
Agora meu caso é com a Adema. Minha casa vem sendo invadida diariamente por saruês. Acho que tenho uma família inteira de visitantes, porque variam em tamanho e agressividade. Tenho que diariamente fechar toda a casa, e agora, chegando o calor, nem sei como vai ser. Mesmo com a casa fechada, os danadinhos chegam na cozinha. Nenhuma comida pode ficar na mesa da cozinha, nenhuma fruta decorando o ambiente em lindas fruteiras. Nada. Eles chegam e, sem nada para comer, fazem xixi e cocô à vontade, no balcão da cozinha, mesa, cadeiras, fogão e chão. Um horror. A faxina matinal é completa, com muita água sanitária e uma camada final de álcool.
Passei a botar luvas grandes de borracha grossa e retirar os saruês. Venci o medo, mostrava meus dentões e grunhia de volta, pegava e levava para a calçada da rua. Nos primeiros dias, sucesso absoluto. No último sábado, retirei os menores e, ao tentar retirar o líder, bem maior que os outros, levei uma bela mordida de dentinhos tão afiados que ultrapassaram a borracha grossa da luva. Doeu. Rapidamente soltei o danado, lavei, passei álcool (aí aí aí ui ui ui ui) e botei uma pomada com antibiótico para feridas e que tais. Tive que deixar na cozinha o poderoso chefão, que me mostrava os dentes com um rosnado fino sempre que ia beber água, fazer qualquer coisa, pois a gente vai na cozinha o tempo todo. Agora tenho que fechar tudo, até os postigos. Tenho que usar os ventiladores direto, para não morrer asfixiada pelo calor. Nem imagino quando o verão se instalar.
E a Adema?
Após pesquisar, descobri que a Adema tem uma divisão de Resgate de Animais, com número e WhatsApp. Logo escrevi pedindo ajuda, explicando as ocorrências. Nada! Nem uma resposta escrita, nem um telefonema, nenhuma manifestação sobre minha queixa, minha ansiedade, minha necessidade de cidadã.
Que animais vocês resgatam, Adema?
A quem serve a divisão de Resgate de Animais?
A quem vocês ajudam?
Cidadãos de que planeta?
Porque está cidadã aqui de Aracaju está tendo que se virar sozinha, quando precisa da ajuda de técnicos sobre o assunto.
O número +55 79 99191-5535, é, segundo consta, para resgate de animais. Como é WhatsApp, mandei mensagem, sem resposta. Porque quando se liga, ninguém atende.
E assim é que, continuo sozinha na minha luta contra saruês. Por saber da importância deles na natureza, não mato. Deus me livre de matar um animal. Mas preciso que sejam retirados e também, de orientação em como lidar com eles quando aparecem.
Se alguém souber que morri trancada em casa, pode gritar alto e bom tom: Foi culpa da Adema!
* É jornalista.