Os professores da rede estadual e setores da sociedade sergipana rechaçaram com veemência a fala do governador Fábio Mitidieri (PSD) chamando os educadores de preguiçosos que só pensam em dinheiro. Enquanto discursava durante a inauguração das reformas físicas do Centro de Excelência Nelson Mandela, em Aracaju, Mitidieri se irritou com uma manifestação pacífica dos professores e fuzilou: “Eu trabalho todo dia. Eu venho aqui entregar escola todo dia. E, além de protestar por dinheiro, eu nunca vi vocês trabalharem”, atacou.
O deputado federal João Daniel (PT) considerou um absurdo a forma deselegante como o governador tratou “essa classe tão importante para a formação das pessoas. A fala de Fábio Mitidieri criminaliza os professores, o movimento sindical e revela uma face autoritária, bolsonarista e maliciosa do seu governo”, frisou. Já a deputada estadual Linda Brasil (Psol) considerou o discurso do pessedista “ofensiva, vergonhosa, antiética e antidemocrática. Dessa vez ele passou de todos os limites”, reagiu a psolista.
Escola abandonada
Em resposta a Mitidieri, o professor Roberto Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Sergipe, gravou um vídeo em frente ao Colégio Estadual Amoroso Lima, em Aracaju, onde leciona diariamente. O sindicalista aproveitou para condenar o estado de abandono em que a escola se encontra: “Do jeito que ela está não vai aparecer nas redes sociais do governador”, afirmou. Silva alertou, ainda, que não se vende e não se rende à tentativa do governo de querer trocar a valorização dos professores “por uma premiação para alguns, excluindo a maioria dos educadores”, reagiu.
De acordo com o Sintese, a vontade do governador e do secretário estadual da Educação, Zezinho Sobral, é acabar com o triênio, transformando-o em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificável (VPNI), mantendo os valores congelados e desvinculando o triênio da tabela de vencimentos do Magistério. O sindicato alerta que os professoras e professores aprovados num novo concurso para a rede estadual de ensino ficarão excluídos do benefício.
A ex-presidente do Sintese e ex-deputada estadual Ana Lúcia também reagiu com indignação à fala desastrada do governador, lamentando mais um ataque ao sindicato por parte de Fábio Mitidieri. A educadora criticou a forma agressiva e despolitizada como o gestor estadual tratou os professores, acrescentando esperar que ele faça uma alta avaliação e reconheça o grau de agressão feita aos professores. Por fim, Ana Lúcia exigiu de Mitidieri que respeite a categoria “porque o senhor feriu a dignidade dos professores e das professoras. Peça desculpas e abra as negociações porque esses são direitos que conquistamos ao longo da nossa história”, concluiu.
Médicos solidários
O Sindicato dos Médicos de Sergipe divulgou uma nota se solidarizando com os professores. Veja abaixo:
“O Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) manifesta total solidariedade às professoras, aos professores e ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese) diante do episódio de agressões verbais e desrespeito por parte do governador Fábio Mitidieri, ocorrido na última terça-feira, 1º de outubro, durante a inauguração de uma escola estadual.
Os professores estavam no evento de forma legítima, reivindicando seus direitos, e é inaceitável que sejam tratados com desrespeito ao exercer seu papel de defesa da educação e dos profissionais que a constroem.
Reafirmamos nosso apoio incondicional à luta dos educadores e condenamos qualquer forma de violência ou tentativa de silenciamento das vozes que lutam por melhorias nas condições de trabalho e na qualidade da educação pública em Sergipe”.