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O Velho Chico agradece a Luiz Carlos Fontes

Por Carlos Hermínio de Aguiar Oliveira*

A semana passada foi marcada pela partida prematura do Professor Luiz Carlos Fontes. Filho do historiador Silvério Fortes, ele herdou uma característica importante: pesquisar e exaurir tudo que dizia respeito aos aspectos hidromorfológicos  e geológicos do Rio São Francisco, atingindo um grau de excelência que lhe permitiu um crescimento fantástico no seio acadêmico e notadamente no Comitê da Bacia do São Francisco. Aí, eu me insiro, pois tive a felicidade de juntamente com o finado agrônomo Holanda, propor o nome dele para ser o representante da sociedade civil pelo movimento SOS São Francisco. Ele depois continuou representando a UFS, e conquistou um enorme espaço, sendo eleito Secretário Executivo da primeira diretoria do Comitê da Bacia do São Francisco.

O destaque de Luiz foi tão grande que o ex-governador João Alves Filho, uma das mais reconhecidas autoridades em recursos hídricos do país, a usar os dados de suas teses de mestrado e doutorado para sua defesa contra a transposição do Velho Chico.

O seu grau de conhecimento do Velho Chico que incomodou o Ministro Ciro Gomes, que não tinha argumentos técnicos para conforta-lo, usando sua experiência política para se impor.

Conseguiu elaborar projetos, e junto a Petrobrás alavancou recursos para montar um grande sonho, o Laboratório Georiomar, moderno, com uma estrutura invejável, que permitiria ele melhor compreender o fenômeno das erosões na Ilha do Cabeço

Após sua saída do Comitê e retorno a UFS, dificuldades para a manutenção do Georiomar lhe entristeceram muito, além do que ele passou a ser acometido por uma doença, que lhe causava um processo de perda de memória, e sua esposa Andrea, entra em cena, para lhe apoiar de forma diuturna e com o maior carinho do mundo, até sua partida na última semana.

Exatamente um dia após o seu sepultamento, eu estou indo a França, não à Montpellier, onde fiz meu mestrado em Desenvolvimento Rural, de 1986 a 1989, em pleno Governo de cohabitation de Mitterrand e Chirac. E nem tão pouco à Toulouse, onde fiz um estágio de Doutorado na École Supérieure d’Agriculture de Purpan et na Agência de Água do Adour Garrone. Interessante, que foi em 2005, ano do Brasil na França, e organizei o Colóquio Franco Brasileiro de Gestão participativa das Águas, e quem foi pra lá: professor Luiz Carlos Fontes, e foi o Brésilien que mais se destacou no evento.

Bom, estou indo à Bordeaux, convidado que fui para participar da Assembleia Geral mundial da Água, de 7 a 10 de outubro, o que muito me enobrece, pelas raízes que deixei na França.

Nosso objetivo é de atualizar dois temas abordados no meu livro, “Luzes do Farol do Cordouan para o Rio São Francisco”: o plano de adaptação às mudanças climáticas da bacia do Adour-Garonne, e o plano de revitalização e desenvolvimento do estuário da Gironda.

Quero que os fluidos de São Francisco de Assis me inspirem para eu conseguir trazer elementos importantes para que nosso Luiz Carlos Fontes lá de cima fique feliz!

*É Representante dos Empregados no Conselho de Administração da Codevasf.

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