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A Cultura não tem donos

Por Antonio Samarone *

A economia comanda Itabaiana, tudo lá são negócios. Dirão os mais profundos, negócios, política e fé: todo o mundo tem lado e uma devoção. Os isentões são poucos.

E onde entra a cultura?

A tradição cultural em Itabaiana limita-se a música, com a Filarmônica Nossa Senhora da Conceição (1745) e a fotografia, com Miguel Teixeira e Joãozinho Retratista.

Uma sofisticação cultural: Itabaiana possui uma Orquestra Sinfônica.

Durante anos, Abrahão Crispim agitou sozinho o mundo cultural de Itabaiana, em torno do Jornal “O Serrano”.

A atual ebulição cultural é recente.

A quadrilha “Balança mais não Cai”, de Salomão e a “Chegança de Zé de Biné”, saíram na frente.

Ana Angélica, irmã de Djalma Lobo, abriu a sua academia para a capoeira, maculelê, banda de birimbau e outras danças.

A reunião de artistas, escritores e intelectuais itabaianenses, com Luiz Antonio Barreto, para discutir a cultura local, numa sala do Guilhermino Bezerra, foi um grande passo.

Robério Santos criou o Grupo Itabaiana Grande e Vladimir Carvalho liderou a formação da Academia Itabaianense de Letras.

Almeida Bispo, Wanderlei Menezes, Anderson Silva, Carlos Mendonça, Tereza Cristina, Inês Resende, Amorosa, Josevanda Mendonça, Robério Santos, Romulo Lessa, Marlon Delano, Tito, Dido, Zeus, Eugênio, Andrei, Rodrigo Graça, Baldochi, o maestro Valtênio, Vladimir Carvalho, Padre Jerônimo, Messias Peixoto, entre outros, têm muito a dizer sobre a cultura em Itabaiana.

Criou-se uma agenda editorial, independente de Aracaju. Vários livros foram publicados.

Criou-se a Bienal de Livros, uma ousadia que se encontra na sexta edição. Uma boa notícia: A Academia de Letras assumiu a Bienal.

A força da arquitetura de Melcíades Souza.

Foi criado o Parque Cunha Menezes, um centro da cultura sertaneja de vaqueiros, toadeiros e aboiadores.

Na outra ponta, o movimento Hip-Hop se organizou.

Mensalmente, o espaço do Chiara Lubich passou a apresentar uma manifestação cultural. A Prefeitura criou o Festival Itabaianense da Canção (FIC). Vicente do Capunga intensificou a sua militância cultural. Robério Santos criou a Literatura no Cangaço e foi nacionalmente reconhecido.

Finalmente, está em andamento a construção de uma Teatro, um sonho antigo, de um memorial, uma escola de sanfona, zabumba e triangulo e uma Guia Cultura.

Hoje, os editais da Lei Paulo Gustavo estão sendo anunciado. Uma ruptura no fomento da cultura local.

Itabaiana ao ultrapassar os cem mil habitantes, entrou na categoria de Região Metropolitana, com tudo que isso significa.

Constato uma explosão de iniciativas culturais. Surgem talentos no audiovisual, artes plásticas, música, escultura, toadas, hip-hop, danças, literatura e poesia.

O que está faltando?

Essa energia criativa precisa ser fomentada, organizada, divulgada e prestigiada. A Lei Paulo Gustavo é um passo importante.

A cultura pede passagem.

* É médico sanitarista.

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