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A força da militância

Por Antonio Samarone *

Existe um consenso: a direita no Brasil, à sua maneira, assumiu a militância política. Militância entendida como uma ação obstinada e permanente em defesa de interesses, ideologias, ilusões, preconceitos, crenças e doutrinas.

A ideia de militância é antiga. A Bula que aprovou a Companhia de Jesus (Jesuítas), em 1540, chamava-se: “Regimini Militantis Eclesiae”. O lema dos Jesuítas era “Ide e Incendiai.”

No início, o PT herdou dos católicos os militantes das Comunidades Eclesiais de Base, da Teologia da Libertação. os militantes do Movimento Estudantil, as bases sindicais rurais e urbanas e os movimentos comunitários, associações de moradores e similares.

A famosa “FABAJU” já teve peso eleitoral.

Os Estatutos do PT previam a existência de militantes de bases, organizadas com poderes deliberativos. O Partido chegou a ser acusado de “basismo”, “assembleísmo”, de perder tempo discutindo exaustivamente as mesmas coisas.

Uma das estratégias usadas pelo PT para o fortalecimento da chamada militância foi, a criação do Orçamento Participativo. As administrações petistas prometiam deliberar sobre as prioridades orçamentárias, discutindo diretamente com os interessados.

Era uma forma, segundo a proposta, de democracia direta: eleger delegados que concorreriam com as desgastadas Câmaras de Vereadores.

Procurei saber o que restou dessa experiência de Orçamento Participativo em Aracaju. Só encontrei vagas lembranças.

A temida militância do PT esvaiu-se com a chegada do Partido ao Poder.

Nos bairros de Aracaju, os interesses populares (entre aspas), são mediados pelos evangélicos da “Teologia da Prosperidade”. São centenas ou milhares de pastores ligados a Partidos ou a políticos de direita, que intermediam votos nas eleições.

A chamada direita miliciana, ainda é um fenômeno secundário no agenciamento eleitoral em Sergipe

Outro polo de militantes eleitorais é a máquina pública.

Em Sergipe, as pessoas que ocupam os “cargos de confiança” (são milhares), os que recebem gratificações de qualquer natureza, os que estão à disposição de si mesmos, formam uma base militante dispostas, em defesa da manutenção dos interesses imediatos.

Sem contar os militantes que recebem serviços, favores e sinecuras prestados pela Máquina.

Os fornecedores e prestadores de serviços são militantes sempre dispostos a adesões interessadas. Sobretudo, setores empresariais e os mais ricos, que de boca para fora defendem o neoliberalismo, mas dependem umbilicalmente dos privilégios e mimos públicos.

O Estado mínimo é para os outros.

Outra base forte dessa militância de direita encontra-se nas redes sociais, formada pela classe média letrada ou semiletrada. É uma base aguerrida, disposta, negacionista, que consegue realizar algumas manifestações de rua, mas que ainda não demonstrou força eleitoral.

Os setores sociais mais à esquerda, em Aracaju, estão concentrados nos movimentos identitários. A antiga militância ideológica, inspirada na luta de classes, ficou no passado.

O que sobrou da militância do PT em Sergipe, com estrelinha no peito, envelheceu, ou concentrou-se nos gabinetes parlamentares e nas estruturas públicas que o Partido ainda comanda.

A militância petista renascerá com as eleições? Vamos aguardar o milagre.

A força eleitoral do PT será puxada por um líder carismático, uma locomotiva de quase 80 anos, chamado Lula. As esperanças estão depositadas no “Lulismo”.

* É médico sanitarista

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