Por Antonio Samarone *
A crise climática tem mil facetas.
George Orwell tinha razão: os bichos fizeram a sua revolução colorida. O animal doméstico virou um bibelô sem pilha. Já tem nome, sobrenome, direitos e regalias.
Os seus defensores já formam bancadas nas casas legislativa.
Aqui em casa eles se tornaram maioria. Na família somos quatro humanos. Eles já são cinco. Com a chegada de Tito e Sissi, somar-se-ão a Luck, Amigo e Branquinha. Três cães e dois gatos. Como cães e gatos nunca se entenderam, espero que não se unam, contra a gente.
Já chamei o padre para batizá-los. Tenho medo de que eles virem evangélicos.
Só querem dormir na cama, com travesseiros e lençóis! E eu, sem saber o que pensa sobre isso o incansável ministério público. Soube que é um direito deles, previsto em estatutos.
Tidos odeiam ração, dizem que é comida sem gosto e de origem suspeita. O que os capitalistas misturam na ração, perguntam eles? Estão exigindo um cardápio variado. Para complicar, Branquinha virou vegana, em respeito aos outros bichos.
Onde posso comprar hortaliças e legumes para gatos?
Eles cobram que a gente ande de máscara dentro de casa, estão com medo da Covid. Não adianta dizer que gatos e cachorros não pegam a pandemia. Eles contra-argumentam: é melhor não correr o risco, nunca se sabe.
Eles não gostavam de TV. Compramos uma assinatura de programas de TV específico. Agora, passam às tardes no sofá, não tiram os olhos da TV.
Aqui no condomínio, a população de bichos domésticos é 6 vezes superior à de humanos. Uma amiga deixou em seu testamento, uma pensão para os seus gatos.
A convivência intima com os humanos apressarão a racionalidade deles. Não tomem como surpresa se em pouco tempo eles começarem a falar e escrever.
* É médico sanitarista
1 Comments
Parabéns pelo artigo.
Aqui em casa, temos um lema: peludos são bem-vindos; humanos, tolerados.