Por José Vieira da Cruz *
O Ministério da Educação (MEC), a cada dez anos, verifica como as universidades têm desenvolvido suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Esse processo, denominado de recredenciamento, utiliza uma escala de conceitos crescente de 1 a 5. Dessa forma, recredenciar uma universidade significa que a instituição cumpre – dentro da realidade em que está inserida –, sua missão social, metas institucionais e objetivos educacionais, científicos e culturais.
A respeito, a Universidade Federal de Sergipe (UFS), receberá na próxima semana, entre os dias 5, 6 e 7 de fevereiro, uma comissão do MEC para constatar in loco os dados informados para recredenciar a instituição – cuja avaliação atual tem conceito 3.
Na condição de egresso e de membro docente dessa comunidade universitária, sinto a necessidade de ressaltar a importância desse processo, como também de compartilhar a experiência de um outro recredenciamento que vivenciei junto à Universidade Federal de Alagoas (UFAL) no ano de 2018.
Na época, a exemplo do que está ocorrendo com a UFS hoje, a instituição contava com o conceito 3, e, de igual modo, alimentávamos a expectativa de uma avaliação que refletisse melhor o quanto a consolidação da universidade havia avançado. Naquele contexto, a UFAL enfrentava severos cortes, restrições e contenções orçamentárias em contraste com o aumento inflacionário das despesas de custeio e a insuficiência financeira para os investimentos necessários.
Não obstante esses obstáculos, no curso do recredenciamento, as dificuldades, limitações e desafios foram superados pelo sentimento de pertença, espírito público e, sobretudo, pelo envolvimento da comunidade universitária. Destaco essa atitude de pertença, a partir da qual ocorre a valorização do sentimento de ser parte integrante e responsável pela instituição, como um fator essencial, decisivo e fundamental nesses momentos de avaliação institucional.
A respeito, naqueles dias vivenciados junto à UFAL, testemunhei o apoio, colaboração e participação de técnicos, estudantes e docentes para apresentar os pontos fortes da instituição, os seus legados institucionais e de sua importância para o desenvolvimento do país a partir de Alagoas. Uma comunhão de esforços que contou com o apoio, experiência e contribuição de todos, independentemente da posição política – se de situação ou de oposição. Essa compreensão, responsabilidade e esforço ressaltou os propósitos da instituição e sensibilizou todos os seus segmentos. O resultado dessa experiência de autoconhecimento, engajamento e interesse público foi a elevação do conceito da UFAL para 4.
No caso da UFS – tanto por conta de sua história, enquanto patrimônio da sociedade, quanto por conta do trabalho realizado pelos seus departamentos/núcleos, programas, centros/campi e pró-reitorias/gestão central – , a expectativa também é otimista quanto a consolidação de um conceito que reflita a importância da instituição.
Penso, portanto, que a UFS pode, faz jus e merece avançar nessa escala de conceitos. Em seu favor, é público – tanto a qualidade quanto a expansão do – número de cursos de graduação e de pós-graduação, campi no interior do estado, bem como do aumento do número de matrículas, pesquisas realizadas e de atividades de extensão desenvolvidas.
Nesse sentido, é importante ressaltar para os membros da comissão de avaliação do MEC as qualidades da instituição. Tarefa que cabe a todos que fazem parte de sua comunidade. A UFS, como todos sabem é a única universidade pública do estado, e a mais de cinco décadas tem contribuído para o desenvolvimento do país a partir de Sergipe. Por essa razão, somos todos responsáveis pelo seu recredenciamento.
* É historiador, professor da UFS e sócio do IHGSE