Por Antonio Samarone *
Um grupo de amigos movido pelo desejo de conhecer o Sergipe profundo, resolveu percorrer o Estado. Um expedição cult ambiental pegou os caminhos, com a mochila nas costas. A primeira visita foi a Serra da Guia, em Poço Redondo.
Por que a escolha?
A Serra da Guia é um símbolo da luta dos negros sergipanos por liberdade. Quando o escravizado fugia em Sergipe o principal destino era a Serra Negra, na Bahia. Como encontrá-la? De longe se avistava uma parte da cordilheira do lado de Sergipe, por isso era chamada a “Serra da Guia”, A guia da liberdade.
No alto da Serra da Guia existe um cemitério dos escravizados, desconhecido pela maioria dos historiadores de Sergipe. Visitamos o cemitério.
O segundo motivo da escolha foi a presença de uma moradadora famosa, liderança religiosa, política e cultural, Dona Zefa da Guia (foto). A Parteira e Xamã mais famosa do alto Sertão sergipano. Dona Zefa é conhecida no mundo e pouco conhecida em Sergipe.
Dona Zefa da Guia, procurem na Internet. Nos arranchamos numa casa dela, dormimos em suas redes, rezamos as suas rezas. Ela abriu as portas do seu lar, pela madrugada, para nos oferecer um café, antes de escalarmos a montanha da liberdade.
Longa vida à dona Zefa da Guia! Zumbi dos Palmares vive!
A nossa primeira Trilha foi uma demonstração que valia a pena. Os sergipanos não conhecem o Sergipe profundo. Fomos em frente.
Outros amigos se interessaram e foi criada a Expedição Serigy. Com altos e baixos, cumprimos uma missão importante. Um pena a inexistência de registros escritos e fotográficos dessas expedições. Ou melhor, cada participante tem o seu acervo e a sua memória.
A Expedição Serigy virou uma página desativada no Facebook e um grupo no WhatsApp, tratando de coisas prosaicas.
Em Sergipe, a efemeridade é o principal traço das atividades culturais.
* É médico sanitarista