Por Lucindo Quintans Júnior*
A Universidade Federal de Sergipe (UFS) acaba de receber mais uma boa notícia. Conforme recém divulgado no Ranking Universitário da Folha (RUF) 2024, a UFS pode ser considerada como a 29ª melhor universidade do Brasil. Um feito e tanto para uma instituição localizada no menor estado do país, mas que, ao longo dos últimos anos, consolidou-se como referência em ciência, tecnologia e inovação. Este reconhecimento não é fruto do acaso. É, antes de tudo, resultado de um planejamento estratégico robusto, que soube alinhar a produção científica com os desafios contemporâneos da educação superior e as necessidades regionais.
Quando observamos a UFS de perto, o que salta aos olhos é a capacidade que a instituição tem demonstrado de transformar adversidades em oportunidades. Cortes orçamentários, limitações de infraestrutura e as constantes demandas por mais recursos poderiam ter sido obstáculos intransponíveis para qualquer universidade. Mas a UFS não só superou esses desafios, como também utilizou a crise como um motor de inovação e criatividade. A conquista da nota máxima (5) no recredenciamento institucional do Ministério da Educação (MEC) é um indicativo claro do compromisso com a qualidade, mesmo em tempos difíceis. O reconhecimento pelo MEC reforça o cuidado da instituição com a formação acadêmica, algo que está no cerne de seu plano de desenvolvimento.
E essa excelência acadêmica não se restringe ao ensino. A UFS se destaca também como uma das maiores depositantes de pedidos de patentes do Brasil, um feito que revela sua força em pesquisa aplicada e inovação. Em 2023, a instituição ficou em 9º lugar no país no número de depósitos de patentes de invenção e foi a primeira entre as universidades no que se refere a programas de computador. São dados que mostram o quanto a única universidade pública de Sergipe não só produz conhecimento, mas também o transforma em soluções concretas, com impacto direto na economia e na sociedade. A inovação na UFS não é uma palavra solta, é prática.
Outro ponto alto que corrobora esse sucesso é a produção científica da universidade. Cerca de 90% dos artigos publicados em Sergipe têm a chancela da UFS, e impressionantes 17% deles estão no top 10% das publicações mais citadas no mundo. Com números assim, não é difícil entender por que a UFS exerce um papel inquestionável na pós-graduação e na pesquisa de Sergipe, respondendo por 87% dos programas de pós-graduação stricto sensu e com perfil similar no número de matrículas, assim, formando a maior parte dos mestres e doutores do estado.
Mas o verdadeiro diferencial da UFS está na sua capacidade de pensar a longo prazo. No decorrer dos últimos anos, a instituição soube aprimorar seus indicadores acadêmicos com foco em resultados concretos, e o RUF 2024 reflete isso. A Universidade passou a ocupar posições de destaque em todas as áreas avaliadas: ensino, pesquisa, inovação e internacionalização. O planejamento não foi apenas uma formalidade para cumprir exigências burocráticas, mas uma ferramenta para definir metas ousadas e alcançá-las. O reflexo disso está na qualidade de seus cursos, na empregabilidade de seus egressos e na relevância internacional de seus projetos.
Ser a 29ª melhor universidade do Brasil entre mais de 200 instituições avaliadas, incluindo públicas e privadas, é um feito notável e reconhece sucessivas gestões assertivas. Mas, como toda boa universidade, a UFS sabe que a conquista é apenas um capítulo, e não o fim da história. O desafio agora é continuar crescendo, inovando e mantendo-se relevante em um cenário competitivo e em constante transformação.
Sendo assim, o que esperar da UFS nos próximos anos? Com um novo ciclo de gestão assumindo a universidade, há, sem dúvida, uma dose de incerteza sobre o futuro. O planejamento estratégico que elevou a UFS a essa posição de destaque precisará ser mantido e, mais que isso, aprimorado. A comunidade acadêmica e a sociedade estarão de olho nos próximos passos, atentos para que os avanços conquistados até aqui não sejam perdidos. O protagonismo na pesquisa e a inovação não devem ser deixados de lado. A continuidade desse processo é crucial, e qualquer desvio de rota pode significar um impacto negativo duradouro. Em tempos de transição, mais do que nunca, é fundamental que a meta pela excelência siga sendo a bússola que guia a UFS, pois a Universidade tem demonstrado que o conhecimento é, de fato, o maior investimento. Agora, além de celebrar o notável resultado no RUF, a expectativa é que esse investimento continue rendendo frutos. Cabe ao novo ciclo de gestão vindouro provar que está à altura do desafio.
*Lucindo Quintans Júnior é Professor Titular no Departamento de Fisiologia da Universidade Federal de Sergipe. lucindo@academico.ufs.br