O Perímetro Irrigado Jabiberi, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), em Tobias Barreto, passou a ter aptidão produtiva para o gado de leite em 2010, após receber incentivos do Governo do Estado a partir do Programa Balde Cheio. Hoje, esses irrigantes produzem juntos uma média diária de 3,3 mil litros, ganho de 70,7% desde o período introdutório do projeto. Para melhorar a qualidade do leite produzido e promover maior sustentabilidade da propriedade, até dezembro, os produtores vão contar com atendimento zootécnico e veterinário via convênio com o Sebrae Sergipe.
Segundo o gerente do Jabiberi, José dos Reis Coelho, o acordo de cooperação técnica entre a Associação dos Pequenos Criadores do Perímetro Irrigado Jabiberi (APCPIJ) e o Sebrae Sergipe estabelece que somente 20% dos custos de contratação dos profissionais serão a cargo dos produtores. “O Balde Cheio veio e deixou sua contribuição, ainda permeia o método de manejo, mas agora o trabalho de acompanhamento é fora do projeto original, que era possibilitado pela transferência de tecnologia realizada pela Embrapa São Carlos-SP, financiamento do Banco do Brasil e assistência técnica do Sebrae e da Cohidro, que também fornece a água para a irrigação”.
A médica veterinária, Rebeca Santos da Silva e o zootecnista, Thiago dos Santos Almeida, realizarão visitas periódicas aos produtores de leite do Jabiberi. O planejado é que a dupla faça sete visitas para cada um dos 20 produtores inseridos no programa. “Pretendemos terminar todo trabalho até dezembro, sendo que a cada visita será tratado com o produtor um dos temas: gestão, tratando dos custos e receitas; produção, fazendo com que o produtor anote a quantidade de cios, a produção diária de cada animal; a nutrição, quanto à qualidade do pasto, suplementos e a situação sanitária das instalações”, ilustrou Thiago.
Na primeira visita, realizada no dia 22 de setembro ao irrigante Pedro Vidal da Silva, os profissionais coletaram amostra de solo para avaliar uma possível correção, necessária ao bom desenvolvimento do capim. “Vamos fazer uma análise laboratorial da amostra coletada, além disso, fizemos uma completa coleta de dados da propriedade, para avaliar e fazer as devidas orientações futuras, para então ver o que pode ser mudado”, explicou a veterinária Rebeca Santos. Ela ainda informou que um ‘caderno de campo’ foi deixado com o produtor, onde todos os dados diários da propriedade e de cada animal devem ser apontados, para avaliação na próxima visita dos técnicos.
Para o diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, se faz necessário o convênio com o Sebrae para dar continuidade ao projeto de produção de leite. “O período de vigência do convênio que nos trouxe o Balde Cheio expirou, mas satisfatoriamente boa parte dos produtores continua produzindo o leite, inclusive com aumento da produção leiteira. O quadro funcional da nossa Companhia foi formado, na época de sua fundação, por profissionais das ciências agrárias, para atender à produção através da irrigação. Nossa carência por veterinários e zootécnicos era preenchida pelo Balde Cheio e agora volta a ser novamente suprida”, justificou.
O presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, considerou como muito produtiva a parceria estabelecida com o Sebrae. “Já são nossos parceiros de longa data e desta vez estão estendendo a mão para a APCPIJ, para a iniciativa de aumentar a produção de leite em Tobias Barreto. Não podemos, de forma alguma, abandonar estes produtores, que hoje são pecuaristas consolidados e mesmo pequenos, utilizam de métodos tecnológicos avançados como a inseminação artificial e a ordenha mecanizada”, ponderou.
Já o presidente da APCPIJ, Acrísio Jesus Nascimento, reforçou que o principal motivo desta demanda é o aumento da produção de leite, a partir das melhorias técnicas sugeridas pela consultoria. “Queremos ampliar ainda mais o projeto. O preço do leite está baixo, enquanto o milho, o farelo de soja, os insumos estão muito altos. A intenção é melhorar a produtividade na mesma área e com o mesmo rebanho que cada produtor já tem”, complementa. Ele ainda informa que os 20 produtores escolhidos para receber o atendimento são os que possuem a produção contínua e propriedade dedicada à criação do gado leiteiro.
Primeiro da lista
Pedro Vidal é criador de gado leiteiro no Jabiberi há cinco anos, começou junto com a introdução do Balde Cheio no Perímetro Irrigado. No momento, possui 12 vacas girolando em período de lactação, que produzem a média de 190 litros de leite por dia, vendidos a um laticínio da região ao preço de R$ 0,85. “Para mim vai ser muito bom. Por falta de veterinário, a vaca emprenha fora do tempo certo, por isso a minha dificuldade. Tem vaca que tem problema com a inseminação artificial e precisa de um acompanhamento”, retratou o produtor, que conta que, em janeiro, seu rebanho leiteiro ganhará outros cinco animais, pois agora estão fora do período reprodutivo e saem para o descanso, somente duas das atuais produtoras.
A área de pastagem da propriedade de Pedro Vidal tem 1,3 hectares e é subdividida em 48 piquetes menores, onde é plantando o capim Mombaça, 24 deles medem 14 por 20 metros e o restante 18 por 14, de forma que as vacas utilizam dois piquetes a cada dia, no sistema de rotação, sendo que toda vez que retornam da segunda ordenha, encontram aberto um novo piquete. A área que acabou de ser pastada vai receber adubação e a irrigação diária e só voltará a receber os animais depois de um mês de recuperação. Além do pasto, o rebanho também tem uma complementação alimentar de ração à base de milho e farelo de soja.
(Fonte e fotos: ANS)