O deputado federal Osmar Terra (MDB) reafirma, nesta terça-feira (22(, a sua postura negacionista durante CPI da Covid-19, mas admitiu ao senador Alessandro Vieira (Cidadania) que a responsabilidade final pela crise sanitária é do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O emedebista alegou que medidas de distanciamento social não ajudam a combater o coronavírus e que deve valer a posição do presidente a República. Vieira afirmou que “coragem e postura devem prevalecer à subserviência”.
Apontado como “padrinho” do suposto “gabinete paralelo” que orientou o presidente na condução da pandemia, e visto como conselheiro próximo do presidente Jair Bolsonaro, Osmar Terra (MDB-RS), reafirmou que o distanciamento e o isolamento social – considerados pilares no combate à doença – não ajudam a evitar a propagação do vírus. Alessandro Vieira prometeu encaminhar a Osmar Terra estudos publicados na Science, Nature e Lancet, principais publicações sobre política científica do planeta, todos apontando eficiência de medidas de redução de mobilidade e isolamento.
Diante da insistência de Osmar Terra de que o governo federal não teve poder de decidir nada por causa de decisão do Supremo Tribunal Federal, que assegurou a estados e municípios a autonomia para tomar medidas contra a doença, o senador perguntou se o governo federal apresentou algum projeto ou planejamento de ação que foi impedido de execução pelo Supremo. Terra admitiu que não.
Discutindo políticas públicas
“Não estamos discutindo diferença de opiniões aqui, mas políticas públicas, se a política pública adequada foi adotada no combate à pandemia”, afirmou o cidadanista. Alessandro Vieira lembrou que, como gestor da saúde no Rio Grande do Sul por oito anos, Osmar Terra enfrentou uma pandemia recente, da gripe H1N1 e que seu estado teve o 3º pior resultado do Brasil.
“O senhor prestou uma grande contribuição para esta CPI e para o Brasil ao esclarecer que o presidente da República, se informando pelos meios que ele escolhe, é o único responsável pelas decisões que toma. Não é uma pessoa com problemas mentais, até onde se sabe, e toma decisões como gestor dessa República”, frisou Vieira. Segundo ele, um técnico nunca deve se adaptar a interesses políticos. “Essa desconexão entre o técnico e o político exige coragem e postura, nunca subserviência. Ninguém se elege imperador do Brasil”, completou Alessandro.