O ano é 2021, mas os trabalhadores de telemarketing da empresa AlmaViva ainda recebem salário mínimo com base no ano de 2019. Sem reajustes, os funcionários da empresa ainda recebem o valor de R$ 998, quando o mínimo já foi atualizado para R$ 1.045,00 em 2020. Esse problema vem sendo relatado e denunciado constantemente por profissionais que atuam na empresa, mas que não podem ser identificados para não sofrerem represália, sendo perseguidos ou demitidos.
Segundo os denunciantes, a problemática salarial já vem sendo bastante divulgada, mas ainda assim nunca houve qualquer tipo de reparação. Dessa vez, os relatos revelam também que os funcionários estão sofrendo com assédio moral. Durante a pandemia, por exemplo, muitos funcionários passaram a atuar em sistema de home office e acabaram sendo cobrados excessivamente.
“Eles querem que a gente cumpra hora extra todo dia, por conta de falha do sistema para bater as metas diárias, além de não fornecerem ajuda de custo para home office. Todos os trabalhadores estão arcando do seu próprio salário os custos. Além de perseguição e assédio moral dos superiores, salários defasados e zero apoio para o trabalho em casa ou na empresa. Acontecem também cobranças fora de horário e mudanças e trocas de escala sem aviso prévio”, relata um dos funcionários, que não terá a identidade revelada.
“O sindicato atual, que é o Sintel, não trabalha a nosso favor. Um novo sindicato está em processo judicial contra o Sintel, pedindo para que ele se retire da empresa. Porque eles fizeram um acordo coletivo na empresa sem estar na presença de todos os funcionários no dia 19 de dezembro, e publicaram no site deles no dia 25 ou foi 26. Nesse acordo eles aprovam algo que os funcionários discordam e não compactuam. Ou seja, eles sempre beneficiam a empresa. Teve também o plano de saúde que mudou e o atual tem sempre erro nas clínicas, não aceita, porém são cobrados todos os meses”, relata o funcionário.
Prática comum
O advogado militante André Ricardo de Britto Guimarães informa que essa prática é comum na empresa AlmaViva e, inclusive, existe uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho em Sergipe desde setembro de 2019, em face da Alma Viva, reivindicando o pagamento das verbas. Segundo as orientações dele, os funcionários, tanto os que já foram demitidos como os atuais contratados, devem entrar com reclamações trabalhistas na Justiça.
Por Laís de Melo, da equipe do JC (Texto publicado originalmente no Jornal da Cidade)