O governo de Sergipe não admite publicamente, mas há quem garanta que foi preciso dar um puxão de orelhas na empresa espanhola Aena Desarrollo Internacional para ela prometesse reformar o Aeroporto de Aracaju. No mês passado, por exemplo, o secretário de Estado do Turismo, Sales Neto, questionou a empresa sobre as obras não realizadas. Arrendado desde fevereiro pela estatal espanhola, o terminal aéreo da capital continua parecendo um campinho de pouso. Após ser cobrada pelas reformas, que já deveriam ter sido concluídas em agosto, a Aena mandou representantes, nesta sexta-feira (11) conversar com o governador Belivaldo Chagas (PSD). Os fidalgos prometeram iniciar as obras de adequações em janeiro próximo. Tomara!
Informações divulgadas à época do arrendamento do aeroporto de Aracaju davam conta que entre os primeiros investimentos assumidos pela concessionária estava a melhoria da infraestrutura básica. Nessa etapa estão incluídos reformas de banheiros, sinalização, iluminação, climatização, internet gratuita e reparos nas edificações. O prazo previsto para a conclusão dessas benfeitorias foi de 180 dias, a contar da assinatura do contrato, portanto terminou em agosto passado. Na reunião desta sexta-feira com o governador Belivaldo Chagas, os diretores das Aena Desarrollo culparam a pandemia da Covid-19 pelo não cumprimento do acertado no distante fevereiro.
Também estavam programadas para a primeira fase dos investimentos obras de adequações de pista à ampliação de pátios de aeronaves, passando pelo aumento da capacidade de processamento de passageiros. Numa segunda etapa, deverá ser elevado o percentual mínimo de processamento de passageiros em pontes de embarque a 65% para voos domésticos 95% para voos internacionais. Hoje, não há pontes de embarque no terminal sergipano.
Governador educado
Educado, o governador Belivaldo Chagas foi elegante com o diretor-presidente da Aena Brasil, Fernando Santiago Yus Saenz de Cenzano, o assessor da presidência Enrique Martin-Ambrosio e o gerente da estatal em Aracaju, Wanderson Silva: “Ressalto a confiança que temos na Aena, um grupo sólido, responsável e comprometido, o que nos dá a tranquilidade de que estas obras tão importantes no nosso aeroporto vão acontecer”, frisou. Por sua vez, o secretário de Estado do Turismo, Sales Neto, festejou as promessas agora renovadas pela empresa espanhola. Segundo ele, “são excelentes notícias com relação a melhoria do nosso terminal”.
Os diretores da Aena Desarrollo Internacional prometeram ao governador e ao secretário que vão ser realizadas diversas melhorias, incluindo desde a ampliação do terminal aéreo a melhorias no estacionamento. No primeiro momento, serão priorizadas as adequações internas consideradas mais urgentes, como a reforma dos banheiros e algumas adequações iniciais na estrutura do terminal, como climatização, iluminação, sinalização e pintura.
Negócio de pai pra filho
A concessão dos sete aeroportos, incluindo o de Aracaju, foi um negócio tipo aqueles de pai pra filho. Para se ter uma ideia, a estatal espanhola não pagará nada por cinco anos. Após esse período, ela começa a pagar a dívida. Isso até o final do contrato. As regras preveem que o pagamento do valor da outorga, de R$ 2,1 bilhões, vai depender da receita bruta apurada pela concessionária nos terminais aéreos. E o governo federal entregou os aeroportos à uma estatal estrangeira com o discurso de que, “graças aos novos investimentos, as concessões vão trazer melhorias na qualidade do serviço prestado aos passageiros”. Quem quiser que acredite!
Por Destaquenotícias