Aracaju: obras de ponte vão destruir o manguezal

Deputados estaduais e vereadores de Aracaju estão temendo que as obras do Complexo Viário Maria do Carmo, que inclui uma ponte ligando a Avenida Tancredo Neves ao Bairro Coroa do Meio, provoque um grave crime ambiental. De acordo com o vereador Camilo Daniel (PT), o empreendimento do governo de Sergipe vai destruir uma área de manguezal equivalente a sete campos de futebol.

A Coroa do Meio antes de ter sido aterrada

Em pronunciamento na Assembleia, a deputada estadual Linda Brasil (Psol) disse que as obras do Complexo Viário preocupam, pois vão provocar a supressão do mangue, “um ecossistema de extrema importância para a regulação climática, a biodiversidade e a manutenção da atividade pesqueira local”, frisou. Já o deputado Paulo Júnior (PV) prometeu solicitar à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura detalhes sobre o estudo de impacto ambiental da obra.

Segundo Linda Brasil, o governo Mitidieri segue na contramão das recomendações internacionais “ao promover obras de grande impacto ambiental, resultando na destruição de áreas de manguezal, na perda de habitats essenciais para diversas espécies, além de agravar a crise climática ao reduzir a capacidade de absorção do ecossistema e proteger a costa contra eventos extremos”, afirmou.

Camilo Daniel lamentou o fato de o governo Mitidieri ainda não ter explicado à população como será feita a compensação ambiental de todo o desmatamento às margens daquele importante corpo d’água, considerada área de conservação ambiental. O vereador petista também denuncia que no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) da ponte estão previstos 31 impactos ambientais na região por conta da obra.

O aterro da Coroa do Meio

Coincidentemente, o Complexo Viário concebido pelo governo vai ligar uma avenida da zona sul de Aracaju ao bairro Coroa do Meio, que nasceu em 1979 nas gestões dos então governador Augusto Franco e prefeito Heráclito Rollemberg. Para permitir a urbanização, uma vasta área de dunas e manguezal foi aterrada com a utilização de equipamentos pesados. Grande quantidade de areia e imenso sistema de drenagem foram marcas desta obra, que ainda hoje é considerado o maior crime ambiental já praticado em Aracaju.