A equipe do Projeto “Oportunizar – Ação Nacional de Empregabilidade para Pessoas Trans” estará reunida em Aracaju, entre esta quinta-feira (19) sexta-feira (20), para uma oficina de formação em advocacy e construção de plano operacional. Na programação estão previstas atividades audiovisuais, com produção de vídeos educativos, redação de conteúdo para material gráfico de suporte, além de painéis de debates. O evento vai acontecer no Hotel da Costa, no bairro Atalaia.
A oficina será voltada para a equipe de educadores das dez cidades atendidas pelo projeto: Belém, Macapá (região norte), Salvador, Recife, Fortaleza (região nordeste), São Paulo, Vitória (região sudeste), Brasília, Goiânia (região centro-oeste) e Porto Alegre (região sul). Participarão também convidados de relevância nacional que vão compor os painéis de debates, como Marina Reidel, Diretora nacional da Política LGBT do Ministério da Família, Mulheres e Direitos Humanos; Washington Dias, da Rede Afro LGBT e Dino Alves, da Rede Gay e Diretor Executivo do Provida Alagoas.
Executado desde fevereiro pela ONG Rede Trans Brasil, o projeto Oportunizar compreende um conjunto de iniciativas organizadas com objetivo de fomentar alternativas para empregabilidade de pessoas trans. O plano de ação prevê atividades de advocacy (processo de comunicação institucionalizada através de reuniões e solicitações) e formação de lideranças comunitárias em cidades das cinco regiões brasileiras. A partir daí serão criadas redes locais de parcerias com gestões públicas e empresas privadas. Essas redes vão gerar e alimentar um banco de dados, publicado através de site institucional com informações dos parceiros de todos os estados, além da divulgação de vagas de empregos e cursos viabilizados a partir dessas parcerias.
A vulnerabilidade da população trans
A ideia do projeto Oportunizar surgiu em um workshop nacional realizado pela Rede Trans Brasil, em 2020, no qual lideranças do movimento se comprometeram em idealizar um programa voltado para a vulnerabilidade social da população trans e sua consequente exclusão do mercado de trabalho.
Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), mais de 41 milhões de pessoas estavam desempregadas na América Latina e Caribe em 2020. No Brasil o desemprego atingiu novo recorde: 14,4 milhões de brasileiros estão sem trabalho, dos quais 400 mil engrossaram as estatísticas apenas no trimestre dezembro de 2020 a fevereiro de 2021, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ao fazer o recorte do desemprego por preconceito pela orientação sexual e identidade de gênero de indivíduos, o quadro fica mais aterrador. Uma pesquisa realizada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e divulgada em maio de 2020, revelou que, dos 10 mil entrevistados, 21,6% dos LGBTs estão desempregados. Isso é quase o dobro do índice no Brasil, que é de 12,2%, segundo o IBGE.
A população trans é a mais prejudicada no acesso à educação e oportunidades de trabalho. A transfobia, traduzida em violências física, moral e psicológica, seja no ambiente familiar ou escolar, tem impacto direto no desenvolvimento educacional e acesso ao mercado de trabalho. O perfil socioeconômico mapeado pela Rede Trans Brasil em 17 cidades, entre 2017 e 2020, revela que 82% da população de mulheres travestis e transexuais sobrevivem economicamente do trabalho sexual.