Igor Junio Benevenutto viu seu trabalho ser afetado por conta da pandemia do coronavírus. Com a suspensão das partidas de futebol, o árbitro resolveu não ficar em casa neste período de quarentena, mas por uma causa bem nobre. O mineiro decidiu botar o ofício de formação e passou a dar plantão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Sete Lagoas (MG). Igor concluiu a graduação em enfermagem no ano de 2012 e, em meio a este crítico momento para a área da saúde, viu uma oportunidade de contribuir com a sociedade.
O árbitro está trabalhando no turno da noite, das 19h às 7h, e, aos 39 anos, troca momentaneamente o apito e os cartões amarelo e vermelho por termômetros, agulhas e demais equipamentos médicos. Igor conta que a ideia de ajudar surgiu no momento em que a CBF anunciou o auxílio financeiro e os suportes teóricos, físicos e psicológicos aos árbitros para este período sem bola rolando.
– A CBF conseguiu este apoio fundamental aos árbitros através do Presidente Rogério Caboclo e de todos da Comissão de Arbitragem. A partir deste momento, comecei a pensar em como eu poderia demonstrar a minha gratidão. Resolvi trabalhar como enfermeiro para manter esta rede de empatia e de ajuda. Estou contribuindo com o meu tempo, meu conhecimento técnico na área e meu talento. Acredito que ajudar o próximo é ajudar a si mesmo também. E a enfermagem é, justamente, esta arte de cuidar e ter atenção com o próximo, ajudar a salvar vidas e melhorar a condição de outras pessoas – declara o mineiro.
Não desliga do apito
Mesmo sem estar em campo, Igor não pode desligar-se completamente da função de árbitro. Um dos desafios do mineiro poderia ser conciliar o trabalho na Unidade de Pronto Atendimento com os treinamentos. Mas ele revela que não está sendo nenhum problema manter a rotina da arbitragem no dia a dia.
– Eu saio às 7h da manhã da UPA e vou dormir quando chego em casa para descansar. Acordo por volta das 11h e acompanho os testes online sobre a regra com o Gaciba (Leonardo, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF), faço as atividades físicas aqui em casa acompanhando o que os nossos preparadores passam e estou sempre em contato com a Dr. Marta (Magalhães, psicóloga da Comissão de Arbitragem) através das chamadas de vídeo. Tenho usado o período da tarde para essas coisas. Então, dá para estudar, ler e treinar fisicamente para manter o ritmo e deixar tudo em ordem para quando os campeonatos voltarem – acrescenta.
Esta não é a primeira experiência de Igor Benevenutto em um ambiente hospitalar. O árbitro participa de um projeto chamado Guardiões do Riso, constituído por um grupo voluntários que frequenta hospitais e lares de idosos e utiliza a metodologia do “Doutor Palhaço”. Quando está dentro de campo, de chuteira e perto da bola, Igor Benevenutto não faz gols. E quando aparece alguma irregularidade no lance até os anula. Mas, fora das quatro linhas, o árbitro marca um verdadeiro golaço pela vida.
Fonte: CBF (Créditos: Daniel Vorley/AGIF)