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Arquivo Público do Estado de Sergipe festeja 100 anos

O Arquivo Público recebe visitas diariamente

Construído para ser uma biblioteca, o Palácio Carvalho Neto, na praça Fausto Cardoso, centro de Aracaju, completou 100 anos nesse domingo (15). Atual endereço do Arquivo Público do Estado de Sergipe (Apes), o prédio em estilo arte déco, que transmite sobriedade e singeleza, é apenas a mais recente morada da instituição, que tem por objetivo preservar a memória do Estado. Ao longo de seus 100 anos, celebrados neste domingo, 15 de outubro, o Apes já teve vários domicílios, mas se fixou, há 48 anos, na praça onde ficam os Três Poderes Estaduais (Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça e o Palácio Olímpio Campos, antiga sede do Poder Executivo, hoje palácio-museu). No final deste mês, haverá uma sessão solene na Assembleia Legislativa para marcar o centenário da instituição.

Cumprindo um de seus papeis – o de disponibilizar e publicizar informações do Estado -, o Arquivo Público recebe visitas diariamente, em especial as excursões promovidas pelas escolas, além de professores, pesquisadores ou qualquer indivíduo minimamente interessado em resgatar sua história, a exemplo de um senhor que, em 2019, anexou ao processo de cidadania portuguesa uma lista de votantes do ano de 1874 e encontrou na relação o registro de um parentesco suficiente para comprovar sua origem luso-portuguesa.

O Arquivo guarda uma coleção de jornais e Diários Oficiais

Por meio da preservação de documentos do Poder Executivo, como correspondências oficiais, Leis, Decretos, documentos da burocracia estadual, mapas, fotografias, jornais, peças teatrais, composições, entre tantos outros documentais que ajudam a contar a história de Sergipe, o Arquivo Público é considerado peça fundamental da identidade sergipana.

De acordo com a diretora da instituição, a professora Sayonara Rodrigues do Nascimento Santana, são aproximadamente dois milhões de registros administrativos e históricos, mais de seis mil obras bibliográficas e cerca de 2.600 fotografias e negativos no acervo iconográfico. Além disso, o espaço também guarda uma coleção de jornais e Diários Oficiais na hemeroteca e mapas, projetos e plantas do acervo cartográfico.

Visitas

Dentro da semana de programação de seu centenário, o Arquivo Público recebeu a visita de 20 estudantes do Ensino Médio do Centro de Excelência Cleonice Soares da Fonseca, de Boquim, sul sergipano. Na oportunidade, os alunos participaram de uma dinâmica, a fim de conhecer a estrutura e seu acervo. Curiosos, eles se engajaram à proposta e alguns até revelaram que carreira desejam seguir. Foi o caso de um estudante do 2º ano do Ensino Médio, de 15 anos de idade, que pretende cursar História e Filosofia. “Achei uma experiência ímpar, porque nunca tinha visto um arquivo pessoalmente. Além disso, a explicação sobre o período da escravização dos negros em Sergipe me surpreendeu. Para mim, esse acesso foi uma grande oportunidade”, disse Josué Mendonça, monitor das disciplinas de História e Filosofia em sua escola. “Pretendo ser professor!”, revelou.

Em 1848, o Arquivo Público de Sergipe era apenas uma seção da Biblioteca Pública Provincial de São Cristóvão. Em 15 de outubro de 1923, o ex-governador Graccho Cardoso institucionalizou o arquivo, por meio da Lei 845. Por problemas financeiros, em 1926 ele voltou à condição de seção da biblioteca, mas foi recriado em 1945. A partir daí, o Arquivo Público de Sergipe começou a ter uma vida independente.

Pesquisas

A historiadora e arqueóloga Roberta Rosa tem investigado no Apes fontes sobre a Segunda Guerra Mundial, especificamente sobre os torpedeamentos que ocorreram entre os litorais de Sergipe e Bahia, em 1942, quando foram afundados três navios mercantes – Baependi (270 mortos), Araraquara (131) e Annibal Benévolo (150). O ataque foi o estopim para o país entrar oficialmente no conflito mundial.

“O Arquivo Público é um lugar de fontes inesgotáveis de informações. Encontramos 18 fotografias do Instituto Médico Legal (IML), onde foi possível identificar alguns corpos e objetos pessoais que chegaram aqui nas praias. Tem registros também de duas baleeiras, que eram os botes salva-vidas de um dos navios. Um deles chegou vazio e outro com quatro sobreviventes”, descreveu a pesquisadora.

Coleções

Algumas personalidades sergipanas doaram seus documentos ao Arquivo Público, como, por exemplo, Epiphanio Dória, Balthazar Góes, Gumercindo Bessa. Este último foi quem auxiliou na organização do funeral do emblemático Fausto Cardoso e sua coleção conta com registros da cerimônia.

A década de 1980 é frutífera em publicações. Neste período foram publicados registros do movimento republicano no Estado, documentados na coleção particular de Balthazar Góes, intelectual que participou deste processo. Há ainda a publicação de Capitães Mores de Sergipe, obra inédita de Francisco Antonio de Carvalho Lima Júnior, e a coleção mais atual do professor Luiz Mott, antropólogo paulistano autor de uma pesquisa sobre o Estado de Sergipe. “O Arquivo Público é também uma casa de formação, além de gestão, que colocamos à disposição de todos!”, reiterou a diretora Sayonara.

Fonte e foto: GS

 

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