Por Antonio Samarone
O Monsenhor Olímpio Campos (1853 – 1906) foi um homem de grandes polêmicas. Quando vigário da Matriz Nossa Senhora da Conceição (1881), ainda no Império, montou trincheiras em defesa do ensino religioso.
Olímpio Campos nasceu no Engenho Periquito, na Villa de Itabaianinha. Ingressou no Seminário aos 15 anos. Entrou para a política por razões ideológicas, defender o ensino religioso.
A motivação inicial do Monsenhor era o retorno do ensino religioso à grade de ensino da Escola Normal. Foi eleito deputado Provincial por duas legislaturas, quando aprovou uma lei determinando esse retorno.
Foi ao Parlamento Federal defender o seu projeto conservador. Lutou contra o casamento civil, a secularização dos cemitérios e o fim do ensino religioso obrigatório. Sempre coerente. Um político movido por ideias e ambições.
Com a República, o monarquista Olímpio liderou a política sergipana por 20 anos. Era o chefe dos Cabaús. Foi deputado Federal, Senador, Intendente de Aracaju e Presidente de Sergipe.
Olímpio Campos assumiu o Governo de Sergipe em outubro de 1899, derrotando o Coronel Valadão, líder dos Pebas.
O Monsenhor chegou ao Governo, com Sergipe dividido:
“um acampamento de gente irreconciliável, fracionada em grupos que se guerreavam à sombra de bandeirolas descoradas, sem lemas que falassem de um princípio superior. Sergipe parecia que ia aos poucos desaparecendo”. (Pe. Carmelo)
Olímpio Campos impôs a ordem em Sergipe. “Não se transige com o serviço público, nem se viola impunemente a lei”, dizia o Monsenhor estadista.
Olímpio Campos, após ter reunificado Sergipe, passou o governo saneado para o farmacêutico Josino de Menezes, um técnico, sem raízes na oligarquia sergipana.
Depois elegeu para governar Sergipe Rodrigues Dórea, um médico, professor de medicina na Bahia e, finalmente, elegeu governador o Desembargador Guilherme de Campos.
Sergipe vivia tempos de um republicanismo conservador, comandado por um monarquista probo e determinado.
O Monsenhor, pôs fim as desordens do mando despótico, dos Senhores de baraço e cutelo da oligarquia canavieira sergipana.
“Já é tempo que o povo tenha certeza de que o Chefe de Estado não é a única entidade que tem liberdade, mas que todos, governantes e governados, são súditos da mesma lei.” (Olímpio Campos)
“É a lei quem governa, e não a vontade dos homens, sempre inconstante, arbitrária e sujeita as paixões”. – (Olímpio Campos)
O Monsenhor Olímpio Campos foi o quinto chefe político sergipano a liderar um projeto de longo prazo, somando-se ao Comendador Boto e ao Barão de Maruim, no Império; e a Leandro Maciel e João Alves Filho na República.
Olímpio Campos foi líder político em Sergipe, até a sua morte. Como se sabe, ele foi apunhalado pelos filhos de Fausto Cardoso, no Rio de Janeiro, em 09 de novembro de 1906.
O sepultamento do Monsenhor parou Sergipe. (Eu tenho a foto)
As 15 horas, do dia 09/11/1906, o Monsenhor quando caminhava sozinho na Praça Quinze, no Rio de Janeiro, em direção ao Senado Federal, para mais uma sessão, foi vítima de uma emboscada. Com um tiro no alto da fronte, os assassinos vararam-lhe o cérebro.
“Sou inocente do sangue de Fausto Cardoso”, balbuciou o Sacerdote, antes do último suspiro.
A estátua de Olímpio Campos encontra-se defronte a Catedral de Aracaju, desde 1916.
Clodoaldo Andrade, meu professor de história no Ginásio de Itabaiana, em aula sobre a tragédia de Sergipe em 1906, ele falava de Fausto Cardoso com grande dramaticidade. Entretanto, encerrava a sua aula espetáculo com uma frase peremptória: “meninos, grande foi o Monsenhor Olímpio Campos.”
E isso permaneceu em minha memória.
* É médico Sanitarista e professor da Universidade Federal de Sergipe.