Por Antônio Samarone *
Em 26 de fevereiro de 1984, a apática e conservadora sociedade civil aracajuana surpreendeu o Brasil com a maior manifestação política de sua história: o Comício das Diretas Já.
Mais de 30 mil pessoas na Praça Fausto Cardoso.
Além das celebridades políticas nacionais (Ulisses Guimaraes, Lula e Juruna), entre os políticos nativos, destaque para Jackson Barreto (PMDB), Rosalvo Alexandre, Nilton Vieira Lima (PDT), Marcélio Bomfim (PT), Nelson Araújo (PMDB), o atual prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (presidente do DCE) e Dionísio Cruz (presidente da CUT).
Os artistas nacionais Martinho da Vila e Agnaldo Timóteo marcaram presença. Entre os artistas da terra, os cantores Paulo Lobo e Antônio Carlos Du Aracaju, e as bandas Bolo de Feira e Cataluzes.
O inusitado ficou a cargo dos locutores que apresentaram o grande comício: o Jornalista Zenóbio Melo, recém falecido no Piauí, e Marcelo Déda. Ele mesmo, o governador Marcelo Déda foi o locutor do comício. A brilhante carreira política dele só começaria a despontar com as eleições para prefeito de Aracaju, final de 1985.
A Emenda Dante de Oliveira foi derrotada em 25 de abril de 1984, entretanto o movimento das “Diretas Já” acordou a sociedade.
No Brasil, a Sociedade acorda de vez em quando.
As forças democráticas em Sergipe se fortaleceram a partir da Campanha das Diretas Já, chegando depois à Prefeitura de Aracaju e ao Governo do Estado.
Hoje, na política, quase todos os gatos são pardos!
Na tenebrosa conjuntura que atravessamos, não sei o que restou das forças de 1984, se elas ainda existem, se podem aglutinar-se, pelo menos, em defesa da democracia e dos direitos sociais.
As eleições de 2022 podem ser uma oportunidade.
* É médico Sanitarista e professor da Universidade Federal de Sergipe.