Atraso salário cheira a uma chantagem das concessionárias

As empresas de ônibus de Aracaju estão ameaçando atrasar o salário dos motoristas e cobradores. Diante da possibilidade de ficar sem receber pelo mês trabalhado a categoria já deliberou que se o atraso for concretizado os ônibus param. Segundo o presidente do Sindicato dos trabalhadores no sistema, Miguel Belarmino, a greve é mais do que justa: “Por conta da pandemia da Covid-19, as empresas já reduziram os salários e deixaram de pagar o ticket refeição”, reclama.

O sindicalista não opina sobre a hipótese de a ameaça das empresas não passar de uma chantagem visando pressionar a Prefeitura de Aracaju reajustar o preço da passagem, que hoje é de R$ 4,00. No início do ano, o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) negou um pedido de aumento da tarifa, sob a alegação que estudos realizados pela SMTT mostraram que o valor cobrado atualmente atende com folga as necessidades das concessionárias.

Site alertou

A possibilidade de as empresas estarem forçando a greve para conseguir o reajuste da tarifa foi denunciada, na semana passada, pelo portal Nenotícias. Num texto curto, o site coordenado pelo deputado estadual Gilmar Carvalho (PSC) diz ter apurado “que empresas, sorrateiramente, atuam para pressionar o órgão gestor da região, a SMTT, ou seja, a Prefeitura de Aracaju”. Após alertar que a possível greve afetará os moradores da capital, de São Cristóvão, de Socorro e da Barra dos Coqueiros, o Nenoticias denuncia que os “rodoviários continuam sendo desrespeitados”.

Em abril último, o Sindicato das Empresas de Ônibus da Grande Aracaju já havia ameaçado paralisar o sistema, sob a alegação que as concessionárias estavam tendo prejuízo. A entidade alertou que “esse serviço essencial pode entrar em colapso a qualquer momento porque, enquanto o número de passageiros caiu mais de 70, as despesas continuam as mesmas”. O presidente do sindicato patronal, Alberto Almeida, informou que só de combustível, o gasto mensal é de R$ 3 milhões”.

Passageiros reagem

Na época, muitos passageiros entraram em contato com o site Destaquenotícias para desmentir Alberto: “Isso não é verdade. Conte outra, presidente”, fustigou o internauta Gilvan Pereira de Aquino. O usuário Hudson Pereira de Moraes foi outro que discordou de representante das empresas: “Não acredito no presidente do Sindicato. As empresas de ônibus sempre foram muito bem pagas e nunca melhoraram as frotas. Ora, se o negócio não está dando, cedam o lugar para outras empresas”.

Outro que se queixou do serviço foi Everaldo. Segundo ele, o número de ônibus foi reduzido em Aracaju. “A minha esposa ficou no terminal da zona sul das 17:30h as 19h esperando o carro da linha 600/2. Pior é que quando um quebra, o substituto demora muito, sem contar que não existe fiscal da SMTT. E como esta linha não tem concorrência, as empresas fazem o que bem querem”, denuncia. Paulo Nascimento reclama que o valor da passagem por quilômetro rodado é muito elevado. “Interessante é que as empresas quebram em Aracaju e os seus donos permanecem ricos. Alguns vão abrir outras em outros estados”, afirma.

Suspeita da despesa

O internauta Marcelo não escondeu a indignação com as concessionárias de transporte coletivo. De acordo com ele as empresas “estão querendo se aproveitar da situação justo agora que o governo estadual decretou estado de calamidade por causa do coronavírus. Vocês são canalhas”, acusa. E ele prossegue suspeitando que os empresários do setor querem faturar uma grana, aproveitando-se da situação. É uma piada dizer que gastam R$ 3,5 milhões de combustível. Com esse valor daria pra comprar metade da Petrobras”, brincou.

A ameaça feita pelo presidente do sindicato de suspender o serviço também irritou a usuária Jandira. Ela jura que as empresas não aumentaram o número de ônibus. “Continuo trabalhando e estou passando um hora e meia, até mais, no ponto de parada. E por conta dessa demora, os ônibus só andam cheios. Só sabe o que acontece quem realmente usa e precisa desse transporte”, reclama. Jandira se queixa ainda da falta de segurança nos terminais.

O internauta Evelyn tira onda com a ameaça feita pelo dirigente classista: “Que papelão hein presidente! Os ônibus foram reduzidos e como foram! Preciso deles todos os dias e só eu sei a dificuldade pra correr e ter que pegar na hora certa, pois se perder um, tenho que esperar quase duas horas pra sair do terminal”. O passageiro acusa as empresas de terem reduzido o número de ônibus: “Vocês querem se aproveitar da situação!”, conclui.

Por Destaquenoticias