Por Elton Coelho *
Os boêmios geralmente são românticos. Exalam na bebida, na mesa do bar, na dança, nos cânticos, todas suas entonações, alegrias e frustrações. Não é regra geral, mas de tudo um pouco eles carregam. E têm um par inseparável: a música.
A boemia acontece na vida deles das mais variadas formas. Apossa-se das pessoas mesmo antes delas conhecerem o primoroso sabor dos etílicos ou cevada. Fazem-se escutadores de rádios, adentram à música num sopro mágico para aprenderem a cantarolar o romantismo, sem tolher os vários petiscos musicais.
Vão de Roberto Carlos a Fernando Mendes, de Antonio Marcos a Gilberto Gil, de Núbia Lafayete a Chico Buarque, fazendo ali, ou acolá, um filtro de mistos românticos, entre o que se rotulava de “brega” do passado à eloquente Música Popular Brasileira. Podem visitar ritmos variados, da Bossa Nova aos nordestinos, de Luiz a Jackson do Pandeiro, de Clemilda a Dominguinhos, mas sempre experimentando o ar boêmio introspectivo que toma conta da vida, dos amores vividos e por viver.
O amor boêmio proporciona momentos cabulosos de pura emoção e nostalgia. É, por vezes, um freio de arrumação do cotidiano, por outra a penumbra disfarçada em amores não equacionados ou interrompidos. Ele só pode perder para a realidade que se curva quando, digamos, voltam “a si mesmos”. Briga infinita dos boêmios. Mas a boemia é contemplação!!! Esvai nos poros de cada gole de cerveja, quando se veem apaixonados a cada música, a cada artista ou intérprete que solavanca os tímpanos, remetendo-os a uma noitada fustigante, murmurante e ébria de amor.
A boemia também traz a alegria do viver, do bem estar, de prognosticar a vida aproximando do que se permite ser feliz. Por vezes é dicotômica: revela um boêmio feliz, um outro frustrado. Sem contar que em boa parte deles, apesar de aguçados gostos pela dança, música, seus tons e notas, não caminham por ela para, ao menos, tocarem um bom violão. Talvez Deus, todo poderoso, poupou de centenas deles essa inclinação artística, quem sabe pra que vivam mais amando e eternizando a boemia.
Seguirei boêmio! Salve!
* É jornalista