A Associação de Produtores de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga está sendo implantada no entorno do Cânion do Rio São Francisco, nas divisas de Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco. O ato de criação da entidade ocorreu esta semana, numa reunião híbrida (on-line e presencial) realizada na cidade alagoana de Delmiro Gouveia. “Este é um passo muito importante para a valorização, reconhecimento e preservação do bioma caatinga”, enfatiza Haroldo Almeida, presidente eleito da Associação.
A Associação é composta por pessoas que possuem áreas preservadas no bioma Caatinga, e também técnicos comprometidos com o desenvolvimento de projetos de Crédito de Carbono Social – incorporando o conceito de justiça climática e abrangendo mecanismos de redução de desigualdades, economia regenerativa, mercado de carbono, serviços ambientais, recuperação de ecossistemas e proteção da biodiversidade.
Referência para o Brasil
Após discussões, reuniões e oficinas, com participação de dezenas de lideranças locais e especialistas de diversas áreas, ficou definida a criação desta inovadora cooperativa, que já desponta como uma referência que pode ser replicada em outros biomas do Brasil. A nova Associação terá apoio do Lab. de Economia Regenerativa do rio São Francisco, que está sendo estruturado em Paulo Afonso (BA), no âmbito do Projeto HidroSinergia.
Na abertura da reunião, Haroldo Almeida, Sérgio Xavier, Fabiana Couto e Pedro Soares Neto falaram sobre os desafios e potencialidades da Associação, destacando a importância de ações cooperativas para a preservação do bioma Caatinga, o enfrentamento às mudanças climáticas e o desenvolvimento de uma nova economia inclusiva e regenerativa no semiárido. Em seguida, todos os participantes, em coro, declararam “Está fundada a Associação”; discutiram, ajustaram e aprovaram o Estatuto e elegeram a primeira diretoria, que terá dois anos para desenvolver e consolidar a iniciativa.
Prioridades da Associação
Entre as prioridades iniciais destacam-se (1) Levantamento do estoque de carbono das áreas preservadas dos associados; (2) Modelagem do cálculo de captura de carbono, agregando valor social e mecanismos de justiça climática, visando redução de desigualdades; (3) Levantamento de áreas desmatadas para regeneração; (4) Construção do modelo colaborativo de gestão dos créditos de carbono e aplicação das respectivas receitas; (5) Articulação de compradores de créditos de carbono e de serviços ambientais, comprometidos com o desenvolvimento inclusivo e regenerativo do bioma.
Também são prioridades da Associação (6) a realização de estudos (que serão desenvolvidos no Lab.) para agregar diversos eixos de Economia Regenerativa, visando geração sustentável de renda e empregos verdes, como: Rede Cooperativa de Produção de Energia Solar, sementeira para produção e plantio de espécies nativas, ecoturismo, escolas de sustentabilidade e sistemas integrados de reciclagem; (7) Contribuir na difusão do conceito de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga e Justiça Climática.
“A Associação está alinhada com os conceitos mais arrojados de desenvolvimento regenerativo e conseguiu reunir um conjunto impressionante de forças e de conhecimentos, tornando-se uma referência inspiradora para outros biomas do Brasil”, ressalta Sérgio Xavier, articulador do Lab. de Economia Regenerativa.
Fonte: Portal Penotícias