Têm sido cada vez mais comuns os ataques de cachorros às tartarugas marinhas nas praias de Sergipe. Segundo o Projeto Tamar, no decorrer deste ano, mais de 15 fêmeas foram atacadas por cães quando deixavam a água para desovar. “Somente em Aracaju, no período compreendido entre 17 de julho e 14 de agosto, oito tartarugas foram mortas por cães”, revela o Sistema de Informação de Monitoramento da Biota Aquática, desenvolvido pela Petrobras para acompanhamento das atividades de monitoramento de praias.
Os ataques são feitos por cachorros abandonados ou em situação de maus tratos e que perambulam pelas praias de Sergipe. De acordo com o Tamar, quando as tartarugas marinhas sobem às praias para desovar ficam muito vulneráveis. É neste momento que são atacadas. As lesões causadas pelas mordidas dos cães costumam acontecer na região das nadadeiras e no pescoço, onde o tecido é mais mole/frágil, ocorrendo muita perda de sangue e provocando a morte dos animais por hemorragia e outras complicações. Além das fêmeas, os ninhos também são depredados pelos cachorros.
O engenheiro ambiental Adélio Travaglia Francato foi testemunha de um destes ataques. Como atuou na Fundação Projeto Tamar, tendo passado por algumas bases de pesquisa, ele possui experiência no manejo de ninhos de tartarugas. Durante a necropsia do animal, Francato e a equipe da Visão Ambiental recolheram os 105 ovos do oviduto da fêmea morta e os colocaram em uma estrutura improvisada, feita com pneus e areia da praia. Instalado no Centro de Reabilitação e Despetrolização da Visão Ambiental, o ninho artificial foi acompanhado durante 53 dias, quando ocorreram as primeiras eclosões dos ovos. Ao todo, nasceram 55 filhotes, posteriormente lançados ao mar.
Predadores naturais
Os ataques dos cães se somam a várias outras ameaças contra as tartarugas marinhas. Pesquisadores do Tamar citam, por exemplo, o desenvolvimento costeiro desordenado, a poluição dos oceanos, o trânsito de veículos nas praias e as capturas por interação com atividades de pesca. Muito por conta dos diversos predadores naturais, apenas um ou dois em cada mil filhotes chegam na fase adulta. Aliás, nessa etapa inicial de vida, as tartaruguinhas desempenham importante papel ecológico para o ecossistema marinho, servindo de alimento para outros animais, porém aqui não se enquadram os ataques de cães.
Fonte e fotos: Projeto Tamar