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Caos econômico amplia a pobreza dos sergipanos

Por Gilvan Manoel *

Antes da grave crise econômica e de saúde pública provocadas pela pandemia da covid-19, o Anuário Socioeconômico de Sergipe, edição 2019, uma publicação do Grupo de Pesquisa em Análise de Dados Econômicos, vinculado ao Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe, elaborado pelos professores Luiz Rogério de Camargo e Wagner Nóbrega, do Departamento de Economia da UFS e o economista do IFS, Rodrigo Melo Gois, já mostrava a pobreza dos municípios sergipanos.

Novas análises certamente vão apresentar resultados ainda mais drásticos, provocados pela saída da Petrobras do estado quebradeira de empresas e aumento substancial no número de desempregados. Para completar, a alta generalizada nos preços dos alimentos, reajustes semanais dos combustíveis, gás de cozinha a R$ 110, a volta da inflação e o descontrole da economia por parte do governo Bolsonaro criaram um cenário de caos que não se via há muitos anos no Brasil, com reflexos em todas as cidades.

Segundo o anuário, apenas a capital, Aracaju, apresenta bons indicadores sociais e econômicos. Sergipe possui 75 municípios, divididos em oito territórios: Alto Sertão Sergipano, Baixo São Francisco Sergipano, Médio Sertão Sergipano, Leste Sergipano, Agreste Central Sergipano, Sul Sergipano, CentroSul Sergipano e Grande Aracaju. Os dados do Anuário Socioeconômico de Sergipe:

“O Alto Sertão tem uma economia predominantemente formada pelos serviços, em sua maior parte governamentais, mas a agropecuária tem importante papel para esta região, sobretudo pela bovinocultura, apicultura, ovinocaprinocultura e as culturas de subsistências. Na agropecuária, porém, predominam os empregos informais. O Alto Sertão é conhecido como a bacia leiteira de Sergipe. O seu alto PIB industrial é puxado pela Hidroelétrica de Xingó, cujos benefícios não são revertidos em empregabilidade e nem em melhoria efetiva das condições de vida da população local, que apresenta baixos indicadores sociais, tendo o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Sergipe.

O Baixo São Francisco tem uma base produtiva pouco diversificada e um produto interno pequeno, em grande parte oriundo dos serviços, com grande concentração no setor governamental. A indústria é incipiente e de pouca representatividade, com algum destaque para a indústria têxtil e a produção de cimentos. A produção de cerâmica vermelha tem sua importância para a região. O Baixo São Francisco apresenta baixos indicadores sociais, tendo um dos Com agências política 3 piores IDH de Sergipe.

O Médio Sertão tem uma base produtiva pouco diversificada, com grande parte dos serviços formada pelo setor governamental, e com reduzida produção industrial. A bovinocultura e as culturas de subsistências são a base da agropecuária local, gerando baixo valor adicionado. O Médio Sertão apresenta baixos indicadores sociais.

O Leste tem boa parte dos serviços formada pelo setor governamental, possui tradição na cultura de cana-de-açúcar, e a presença de usinas de açúcar e álcool são fortes na região. Registra ainda uma baixa diversificação da cadeia industrial, apesar da presença marcante da indústria de petróleo e gás e da extração de minérios, sobretudo o potássio. Dessa forma, esse território é um exemplo claro de exploração de riquezas minerais não revertidas para o bem-estar da população local.

O Agreste Central é marcado por alta participação dos serviços. A capacidade de distribuição de produtos hortifrutigranjeiros tem grande destaque, e a agricultura tem muita importância para essa região. Apesar de Itabaiana ser um reconhecido centro comercial, a elevada participação dos serviços no restante do território vem do próprio setor público. O território também registra indicadores sociais baixos.

O Sul Sergipano, apesar de pequeno valor adicionado da indústria, tem tradição industrial, sobretudo em Estância. A agroindústria da laranja é forte, fazendo de Estância o maior exportador de Sergipe. As atividades de confecções e cerâmica vermelha, embora importantes para parcela da população, não possuem potencial de geração de riquezas. O turismo, que já foi razoável no litoral, hoje é decadente. O território apresenta baixos indicadores sociais.

O Centro-Sul tem grande parte da sua economia oriunda dos serviços, sobretudo governamentais. Embora a indústria gere muitos empregos formais, gera pouco valor adicionado. A indústria de alimentos e de confecções se destacam. A pecuária de corte é forte na região. O Centro-Sul registra baixos indicadores sociais.

A Grande Aracaju – além da capital, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros- é o principal pólo industrial, comercial e de serviços de Sergipe, concentrando grande parte do emprego formal e do valor adicionado dessas atividades. Excetuando-se Aracaju, no entanto, o território apresenta indicadores sociais baixos”.

A situação econômica do estado é grave e seus desdobramentos aprofundam os problemas sociais. É uma situação caótica.

* É editor do Jornal do Dia (Artigo publicado originalmente no Jornal do Dia edição de final de semana)

 

 

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