Por Antônio Samarone *
O Jornal espanhol El País, entrevistou Alessandro Vieira, senador eleito por Sergipe. A matéria trata-o com um influente líder da oposição e aponta-o com um provável candidato a presidente da República, pela chamada “terceira via”.
Os políticos sergipanos reagiram a pretensão do delegado, com incredulidade. Li nas redes sociais: “ele pensa o quê, um político de Sergipe não tem a mínima chance de ser presidente da República.”
Gente, a época do café com leite acabou, onde os Presidentes se alternavam entre São Paulo e Minas Gerais. Alagoas já teve três Presidentes da República.
É a vez de Sergipe!
Primeiro, na entrevista o delegado é identificado como de Passo Fundo, a matéria não cita que o seu mandato é por Sergipe.
Segundo, mesmo que citasse o seu vínculo com Sergipe, não é a primeira vez que o nosso estado ambiciona eleger um presidente da República. Vamos dar uma passadinha na história.
Leandro Maciel foi apontado com o provável candidato a vice de Jânio Quadros, sendo trocado pela UDN, de última hora.
Vera Lúcia foi candidata a presidente da República pelo PSTU. Sei que ela não é sergipana, mas morava aqui, era ativista sindical em Sergipe.
Sergipano mesmo, candidato a presidente da República, o primeiro e único, foi José Alcides de Oliveira, natural de Maruim. Na campanha ele apresentou duas novidades: usaria a Petrobras para procurar água no Nordeste e romperia relações com a Suíça, devido as contas secretas. Atualmente, José Alcides, o Marronzinho, é pastor evangélico em Cabreúva, interior de São Paulo.
O insucesso eleitoral de Marronzinho não pode intimidar outros pleiteantes ao cargo de presidente da República.
Na contramão do pensamento político dominante em Sergipe, creio que o senador Alessandro Vieira tem mais chances a ser eleito presidente da República, do que teve para se eleger Senador. Lembrem-se que ele enfrentou todos os caciques da política sergipana.
Alessandro Vieira, o senhor pode até esquecer que é senador por Sergipe. Somos acostumados, nossa autoestima é baixa. O senhor não é o primeiro e nem será o último. Siga em frente.
Sergipe sempre teve senadores de fora, da esquerda à direita, de Zé Eduardo a Lourival Batista.
Senador Alessandro, mesmo que vossa excelência não seja o candidato a presidente, passa a ser lembrado como vice, de uma candidatura do “lava-jatismo”. “Um olho no peixe e o outro no gato.”
Ia esquecendo, se tudo sair errado, ainda sobra a vaga de candidato da oposição “lavajatista” ao governo de Sergipe. Não terá o meu voto, mas não faltará quem vote.
A “operação lava jato” foi judicialmente desmontada pelo STF, mas restou a ideologia. No Brasil, o “moralismo udenista” sempre foi uma força política relevante.
Boa sorte.
* É médico sanitarista