Com uma concentração incomum de pessoas com nanismo, Itabaianinha, município da zona Sul de Sergipe, se tornou o símbolo de resiliência e superação. Reportagem do site Gazeta de S. Paulo assinada por Joseph Silva revela que a cidade ganhou fama mundial como a “Capital dos Anões”.
O povoado de Carretéis, isolado geograficamente, foi o berço do nanismo pituitário em Itabaianinha. Casamentos consanguíneos aumentaram a propagação da Deficiência Isolada do Hormônio (DIGH). Essa condição genética, caracterizada por membros proporcionais ao corpo, resultou em uma comunidade com estatura média entre 105 e 135 cm. Estima-se que mais de 130 pessoas foram afetadas ao longo de 8 gerações.
A Deficiência Isolada do Hormônio (DIGH) é causada por uma mutação que impede a liberação do hormônio do crescimento. Isso resulta em uma estatura reduzida, mas com proporções corporais normais. Em Carretéis, a frequência da DIGH chegou a 1 para cada 32 pessoas, um índice muito superior à média mundial. Essa peculiaridade genética tornou a cidade única.
Itabaianinha ganhou fama após chamar a atenção da mídia. Documentários e reportagens, como os da rede CNN Brasil em 1993, exploraram as causas do nanismo e o cotidiano dos moradores. O italiano Marco Sanvoisin descreveu a cidade como habitada por “criaturas doces e diferentes, que parecem vir de um livro de fadas”. A música “Sou de Itabaianinha”, da banda Siri Mania, celebrou a identidade local.
Os moradores com nanismo de Itabaianinha sempre buscaram uma vida ativa. Eles trabalham como professores, artesãos, feirantes e até participaram de competições esportivas internacionais. Dona Pureza, a primeira anã a se casar com um homem de estatura normal, é um exemplo de superação. “Eu queria ter uma família, e graças a Deus eu consegui”, relatou.
Preservando o legado dos anões
Projetos como o de lei nº 02/2020, proposto pela vereadora Lêda Maria Dantas, buscam preservar a memória da comunidade anã. A monografia de Cleiton dos Santos também contribuiu para esse esforço. “A memória, onde cresce a história, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro”, destaca o estudo, citando Jacques Le Goff.
Mesmo com avanços, os moradores com nanismo ainda enfrentam dificuldades. A falta de empregos formais e acessibilidade em espaços públicos são barreiras constantes. “Nós deveríamos ser mais visados pelas autoridades, principalmente em questão de trabalho”, lamenta Clécio, um morador da cidade.
A história de Itabaianinha está intrinsecamente ligada à de seus moradores com nanismo. Eles levaram o nome da cidade para o mundo e mostraram resiliência e talento. Mesmo com mudanças demográficas, o legado dos “pequenos grandes cidadãos” de Itabaianinha permanece vivo, garantindo que sua história nunca seja esquecida.
Fonte: Site Gazeta de S. Paulo (Foto principal: reprodução Yutube)