O jornal sergipano Cinform publicou nesta segunda-feira (10) sua última edição em mídia papel. O semanário foi transportado integralmente pra plataformas digitais: portal, podcasting, conteúdo em vídeo e uma edição adaptada para whats app. Segundo seu editor, jornalista Anderson Christian, “papel deixa saudades, mas é preciso livrar-se dessa amarra física, e – ao meu ver – ilógica, de colocar um carro na estrada pra levar jornal pra Canindé, quando num ‘enviar’ se chega do mesmo jeito”.
Além de se adaptar à nova realidade tecnológica, o Cinform também buscou se livrar dos elevados custos da edição impressa. Entrevistado, em 1996, por Danielle Azevedo Souza para o artigo científico “A internet como suporte jornalístico em Aracaju”, o diretor executivo do jornal, Adriano Bomfim, deixou evidente os altos custos de produção. Segundo ele, as despesas com a impressão do semanário vão do papel à distribuição.
Na entrevista concedida a Danielle Azevedo Souza, Adriano Bomfim contou que os insumos para a produção do jornal impresso equivalem a 52% da receita. O gasto com pessoal, dependendo da receita do mês, chega a comprometer 20%. Bomfim também revelou que cada edição consume 24 bobinas de papel por semana, além de filmes (fotolito), chapas, reveladores e químicos, que equivalem a 7% da receita. O custo da distribuição representa 8% do faturamento.
O segundo na internet
Publicado na Revista de Economia Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación, o bem elaborado artigo científico de Danielle Azevedo Souza conta que o Cinform foi o segundo jornal sergipano – o primeiro foi o extinto Gazeta de Sergipe – a se lançar na internet, em 1995. A proposta fracassou porque não havia um projeto específico para o suporte internet e os investimentos necessários para a aquisição de equipamentos (computadores de última geração e câmeras fotográficas digitais).
A pesquisadora Danielle Souza informa, ainda, que “sem linguagem e jornalistas especializados no novo meio, todo o conteúdo veiculado no impresso do Cinform era transposto para a internet, sem nenhuma mudança na estrutura do texto e na periodicidade (semanal). Ao contrário, constatou-se que a circulação do jornal começou a cair. A grande maioria dos leitores deixou de comprar o semanário nas bancas de revistas e passou a esperar pelo conteúdo que seria fornecido na internet”. Ela diz que a direção do Cinform percebeu que os acessos ao site no dia em que as matérias eram transpostas para o online eram bem maiores que nos outros dias da semana. “A solução foi acabar com a versão online, que só viria a retornar anos depois, em 2004”, lembra Danielle.
Impressos em crise
A crise não afetou somente o Cinform. Para reduzir custos, os diários sergipanos Jornal da Cidade e Correio de Sergipe diminuíram suas edições semanais. Antes, eles circulavam de terça a domingo, mas, há cerca de um ano, circulam cinco dias semanais, sendo que a edição de sábado foi batizada de “final de semana” e traz encartados os cadernos que circulavam antes aos domingos. O Jornal do Dia é o único diário de Aracaju que continua circulando seis dias semanais.
Por Adiberto de Souza
1 Comments
Por acaso, a edição do Jornal do Dia deste fim de semana já contabilizou por três dias: sábado, domingo e segunda. Se o modelo tiver continuidade, vai ser outro a abandonar a periodicidade de 6 edições semanais.