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Comunidade ribeirinha de Aracaju ganha documentário

O documentário mostra como a urbanização impactou a renda dos Moradores da Prainha

A luta e a resistência por moradia digna e preservação da memória de comunidades de pescadores, marisqueiras e mestres barqueiros à margem do Rio Sergipe, no Bairro Industrial, Zona Norte de Aracaju, foram retratadas do documentário Raízes da Maré. Produzido pelo Trapiche, o filme faz parte de um projeto de extensão da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em parceria com estudantes do curso de Cinema e Audiovisual.

“Sem a nossa maré a gente não vive”, explica a marisqueira Nena

As comunidades começaram a despertar a atenção de estudantes e professores da UFS em 2021, por causa de ordens de despejos da área que pertence à União e abriga cerca de 60 famílias há 40 anos. No ano seguinte, um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal declarou a comunidade Patrimônio Cultural e Imaterial de Aracaju. A saída dos moradores e trabalhadores, segundo os pesquisadores, desencadeia a perda da moradia e da renda e de saberes populares, que já são escassos na localidade.

“A ideia foi fazer o fortalecimento da comunidade, que é marginalizada, para que essas pessoas sejam enxergadas pelas autoridades. Falar da Prainha e da Fibra é falar da formação de Aracaju e como aquelas pessoas vêm sendo retiradas dos seus locais tradicionais de morada. E não só de morada, mas também de trabalho, já que são os últimos mestres barqueiros de Aracaju, um saber ancestral, que movimenta toda uma economia de uma comunidade”, revela Lizandra Messias, estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFS e membro do Trapiche.

Urbanização afasta os peixes

No documentário ainda foi retratada a forma como a urbanização impactou a renda e a rotina das comunidades. Conforme explicado pelos próprios pescadores, as grandes construções ao redor, como ponte e orla, além de fábricas, afastaram os peixes da margem do rio.

A marisqueira Gilcélia Catarina dos Santos, conhecida como Nena, aprendeu a catar mariscos com o pai, que também constroi barcos, mas, atualmente, sua sobrevivência não vem mais apenas da maré. “Quando dá pra pescar, a gente pega alguma coisa. Quando não, eu vou cozinhar ajudando meu pai vendendo almoços no restaurante”, explicou.

Segundo os pesquisadores, após anos de luta judicial, a expectativa é que as comunidades saiam do terreno da União e vão para outro mais distante, mas ainda perto da maré. “A luta é grande. Nós não vamos ficar ali, vamos pra um pouco mais distante, mas ainda vamos ficar perto da nossa maré. Sem a nossa maré a gente não vive”, reforçou Nena.

Trapiche

O Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da UFS, Trapiche, foi fundado em 2014 e está instalado na casa de Extensão da UFS em Laranjeiras (Oficina Escola), onde ocorrem elaboração de projetos e realização de reuniões internas e com a comunidade. Atualmente conta com estudantes efetivos, estudantes colaboradores e professor orientador, além de outros integrantes da UFS e instituições parceiras.

Fonte e fotos: Ascom/UFS

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