Cerca de 40% da população deu adeus a algum tipo de gasto ou despesa durante a pandemia da covid-19, a despeito das medidas adotadas pelo governo para atenuar a crise, como o auxílio emergencial. A informação é do estudo “Os Brasileiros, a Pandemia e o Consumo”, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O trabalho também revelou que, a cada 10 pessoas ouvidas, sete alteraram a dinâmica dos gastos em casa.
Além da alta de preços, o consumo das famílias foi afetado fortemente pela queda na renda provocada pelo desemprego. De acordo com o Ministério da Agricultura, na pandemia, o consumo de carne caiu ao menor nível em 25 anos. Nos primeiros quatro meses de 2021, o consumo per capita caiu mais de 4% em relação a 2020, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em comparação com 2019, ano anterior à pandemia, a retração foi de 14%. A estimativa de consumo para carne bovina de cada brasileiro é de 26,4 kg por ano.
Agravante
A pandemia da covid-19 veio para exacerbar os efeitos da crise econômica que já fazia parte da rotina dos consumidores, principalmente daqueles que são desassistidos pelo governo, como explica o economista William Baghdassarian. “A pandemia foi um agravante da crise de desequilíbrio fiscal que estávamos vivendo. O país gasta mais do que arrecada e, além disso, gasta mal”, afirmou.
O economista compara a situação do país diante da pandemia à de uma família em que os membros já estão endividados quando uma pessoa adoece. “A partir disso, não existe mais limite, todos vão fazer de tudo pra ajudar a pessoa, se endividar ainda mais, entrar em cheque especial para poder resolver aquela situação”, disse. “É o que aconteceu com os países, mas, no caso brasileiro, o buraco já estava aberto.”