A Corrida Cidade de Aracaju é um dos eventos que integram a programação de aniversário da cidade que, em 2023, completa 168 anos. Em 17 de março de 1855, Aracaju foi fundada, marcando a transferência da capital do estado que, até então, era São Cristóvão. Este grande evento esportivo ocorre neste sábado (18), contando com a participação de seis mil atletas de Sergipe e de outros estados.
Ao longo das 38 edições da competição esportiva, seu percurso conta, justamente, essa história, num passeio entre a antiga e a atual capital sergipana. Entre os trajetos de 24 km, 10 km e 5 km, os participantes da corrida viajam entre as duas cidades e celebram as transformações decorrentes do tempo e das demandas da sociedade.
Primeira capital
O percurso mais longo da corrida inicia na histórica São Cristóvão, a primeira capital do estado e quarta cidade mais antiga do país. Lá, o ponto de partida é a praça Getúlio Vargas, centro que abriga prédios antigos, órgãos públicos e um misto do passado e do presente.
É nesta praça que fica a Igreja Nossa Senhora da Vitória, a matriz da cidade, fundada no ano de 1608, o templo católico mais antigo de Sergipe. Nas proximidades, os corredores também passam pelo sobrado Balcão Corrido, outra construção histórica com estilo colonial, datado do século XIX. Ao lado, está o sobrado da antiga Câmara e cadeia da cidade, construído no início do século XIX, com traços do barroco e que, hoje, abriga o Colégio Estadual Paulo Sarasate.
Na mesma praça, o passado e o presente se encontram com a presença de academia montada em prédio colonial, com bancos, escritório acadêmico, restaurante de comida oriental e as tradicionais Casa da Queijada e Panificação Colonial.
Praça São Francisco
Mais adiante, os participantes dos 24 km encontram o mais famoso espaço da cidade, a praça São Francisco, que reúne o antigo Palácio Provincial, a Igreja e o Convento de São Francisco, construções dos séculos XVII e XVIII, a Santa Casa de Misericórdia, a Igreja Santa Izabel e outras edificações residenciais. Inscrita na lista de Patrimônio Mundial da Unesco, a praça consta como bem de valor universal.
Do Centro Histórico de São Cristóvão, os corredores percorrem mais alguns trechos em paralelepípedo em direção à saída da cidade, tomando a rodovia João Bebe Água, cujo caminho de asfalto remete à modernidade e abrange uma das extensões mais difíceis da corrida, com uma série de ladeiras desafiadoras.
Aracaju à vista
Cruzando o portal que dá boas-vindas e, ao mesmo tempo, diz até logo à cidade de São Cristóvão, os corredores seguem pela rodovia, passam pelo povoado Cabrita e tomam os rumos do conjunto Eduardo Gomes, onde encontrarão a Universidade Federal de Sergipe (UFS), e mais adiante, os corredores dos 10 km terão sua largada.
Neste ponto, já é possível avistar a atual capital sergipana, seguindo em destino à avenida Doutor José da Silva, via que separa os bairros Capucho e América.
O nome do bairro Capucho é uma menção à Igreja São Judas Tadeu, também conhecida como Igreja dos Capuchinhos. Por lá, a primeira edificação erguida foi o Terminal Rodoviário José Rollemberg Leite, em 1978. Também no bairro, foram erguidos os prédios da Secretaria de Estado da Fazenda (1982), o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE) em 1986 e o Centro de Hemoterapia de Sergipe – Hemose – (1987).
Nos anos 1990, o bairro recebeu o Centro de Referência da Mulher, Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES), Complexo de Operações Especiais da Polícia Civil (COPE) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE). E na primeira década do século XXI, passou a abrigar a sede da Justiça Federal de Sergipe, Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e o Fórum Gumercindo Bessa do Tribunal de Justiça de Sergipe.
A última ladeira
Já no Bairro América, onde os corredores enfrentam a última ladeira e iniciam o trajeto para os 5 km finais da prova, passando pela avenida Desembargador Maynard. A via percorre bairros históricos e importantes construções habitacionais. Os quase dois quilômetros de extensão da via passam pelos bairros Cirurgia, Pereira Lobo, Siqueira Campos e Suíssa, trecho que anuncia os últimos momentos da prova.
A região é marcada por momentos importantes da história da cidade, como a batalha da Praia Formosa, que derrubou o então presidente do estado – como era a titulação dos governantes à época -, Graccho Cardoso. Assim se deu a homenagem a Maynard, considerado um dos mais importantes personagens da história política e militar de Sergipe, e que dá nome à avenida.
Linha de chegada
Faltando 1,3 km para o fim da corrida, os atletas avistam a avenida Barão de Maruim. As árvores altas e imponentes dão charme à via que foi projetada nos anos 1910, com casas de alvenaria e telhas de cerâmicas vermelhas. Ao longo do tempo, a avenida recebeu pavimentação, depois calçamento a paralelepípedos, que mais tarde, foi recoberto com asfalto. No passado, a avenida era o endereço dos casarões de época, que, hoje, deram lugar a estacionamentos, agências bancárias, clínicas e lojas comerciais.
É nesta via que se encontram importantes praças da cidade: a da Bandeira e a Camerino. A primeira delas, no cruzamento da Barão de Maruim com a Pedro Calazans é conhecida pela vasta arborização e por reservar parte da história de Aracaju. Nas décadas de 60 e 70 do século XX, a Praça da Bandeira, ainda não arborizada, dispunha de espaço para a instalação de circos e parques de diversões que chegavam à cidade.
A segunda, por sua vez, a praça Camerino, uma das mais antigas da capital, foi criada pela Lei nº 39, de 11 de abril de 1951, com o nome oficial de Praça Sílvio Romero. Nas primeiras edições da Corrida Cidade de Aracaju, a linha de chegada acontecia nesta praça. Com o passar do tempo e a ampliação do percurso, o fim do trajeto foi transferido.
Reta final
Ao final da Barão de Maruim, os corredores chegam à ultima reta da prova, na avenida Ivo do Prado. Até a linha de chegada, às margens do Rio Sergipe, eles passam por locais como a Capitania dos Portos e pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe (OAB/SE), encerrando a prova na praça Inácio Joaquim Barbosa, conhecida como praça do Mini-Golf.
O nome dado à praça homenageia o fundador de Aracaju, Inácio Joaquim Barbosa, o qual, na condição de presidente da Província, foi o responsável pela transferência da capital de São Cristóvão para o povoado Santo Antônio, hoje bairro mais antigo Aracaju. A resolução foi aprovada há exatos 168 anos.
O monumento erguido em memória a Inácio Barbosa guarda, também, os seus restos mortais desde 1951. O obelisco, feito de bronze e granito, é de autoria do escultor italiano Lorenzo Petrucci, a partir de uma iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE). Anualmente, honrarias e discursos solenes marcam as homenagens realizadas no local, em alusão ao fundador e, onde, também, os corredores recebem suas medalhas e os vencedores de cada categoria são premiados.
Fonte e fotos: Secom/PMA