O corte de bolsas para pós-graduação feito pelo governo Jair Bolsonaro em 2019 teve maior impacto no Nordeste. Os cursos mais atingidos são das áreas de engenharia, educação e medicina.
As instituições do Nordeste perderam 2.063 bolsas, o equivalente a 12% das bolsas antes vigentes. Essa região do país tem um sistema menor e mais novo de pós-graduação e pesquisa.
A Universidade Federal de Sergipe segue a média da região e perdeu 88 das 659 bolsas antes existentes, uma redução de 11,8%. “Foram canceladas 74 bolsas de mestrado, seis de doutorado e oito PNPD [pós-doutorado]”, informa o pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, professor Lucindo Quintans.
No Brasil, foram canceladas 7.590 bolsas para financiar pesquisas de pós-graduandos. No total, são 84,6 mil estudantes atendidos com financiamento.
As bolsas são financiadas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão vinculado ao MEC (Ministério da Educação). Comandada por Abraham Weintraub, a pasta passou por bloqueios de orçamento no ano passado. As medidas provocaram redução de investimentos.
Do total de benefícios, 7.114 são ligados aos chamados programas institucionais da Capes, em que a concessão do recurso ocorre entre o órgão e o programa de pós-graduação. Outras 476 bolsas integram acordos e editais específicos, em geral por temas e abertos a várias instituições.
O número absoluto de bolsas canceladas foi maior no Sudeste. Porém, proporcionalmente, a região mais afetada foi o Nordeste. No Sudeste, os cortes atingiram 2.882 bolsas — só a USP (Universidade de São Paulo) perdeu 420. Como a região concentra o maior número de programas e órgãos de pesquisa, os cancelamentos representaram 6% do total.
Em todo o país, foram canceladas 8% das bolsas. Os critérios adotados para a redução do benefício foram, primeiramente, o de ociosidade (embora não houvesse bolsas ociosas — elas seriam atribuídas a novos pesquisadores) e depois o de qualidade, com base em avaliações realizadas pela Capes.
A Folha de S.Paulo obteve mapa detalhado da redução das bolsas em 2019 por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). Para a análise dos dados obtidos pela LAI, a reportagem levou em conta apenas os benefícios dos programas institucionais.
(Com informações da FSP)